15 anos de cursinho

É um fato bem conhecido que a educação no Brasil não está bem, embora nem sempre seja fácil apontar o que, especificamente, está errado. Uma recente pesquisa trouxe um pouco de luz ao problema, cujas origens podem estar no ensino fundamental: em países como Chile e Cuba (até em Cuba!), o professor passa a maior parte da aula voltado para os alunos, elucidando conceitos, respondendo perguntas e discutindo eventuais polêmicas; a lousa é usada como um apoio ao ensino. No Brasil, ela é a peça central da aula. O professor passa a maior parte do tempo de costas para a classe, copiando o que está escrito no livro didático, enquanto os alunos, por sua vez, copiam da lousa para os cadernos. Isso se ainda não perderam o interesse pela aula e, desistindo de anotar, conversam entre si.

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3 comentários em “15 anos de cursinho

  1. O que algumas pessoas desconhecem, é que os próprios alunos exigem a presença de um professor cabeça-de-lousa. Uma aula ideal, como a proposta pelo autor do artigo, demanda uma série de atitudes prévias que caíram em decadência no ambiente escolar atual. Hoje em dia, qualquer professor que tente explanar algo por mais de quinze minutos, se deparará com uma classe sonolenta e desinteressada.
    Vivemos no mundo onde as imagens suplantaram as palavras (escritas ou fonadas), e a lousa, para o alunado, tornou-se instrumento catalizador de atenções. Que pena!

  2. Ô Joel, quando vi a chamada de seu texto no “Dicta” já fui logo injuriando: “mais um fazendo apologia de uma ‘educação mais humana’argh!”. Depois pensei ser melhor entrar nesse debate. Aqui vou eu.

    Essa história de opor memorização a compreensão é muito superficial e já há muito ultrapassada. Hoje, é ponto já muito conhecido por quem pesquisa seriamente a aprendizagem que esta decorre de dois momentos: o primeiro é o momento do entendimento; o segundo, o momento da retenção. Bobagem pensar que o que foi entendido, foi retido. A retenção se dá pela repetição mecânica ou pelo apaixonamento, mas irredutível ao entendimento. De tal forma que tudo o que hoje foi compreendido, mas não foi retido, daqui a alguns dias o sujeito terá um novo trabalho cognitivo de entendimento. A aprendizagem não avança.

    Isso de falar de professor de costas para o aluno e o aluno transcrevendo da lousa para o caderno em processo mecânico e tal e localizar aí o problema da aprendizagem é muita tolice. Se essa aprendizagem “mecânica” é causa da pobreza educacional do Brasil e se ela existe desde sempre (você mesmo faz alusão a 1950) por que o declínio é de uma, duas décadas para cá¿
    A causa é “muito outra”. Dou uma dica. Que tal procurar a causa da decadência da educação brasileira na transferência da responsabilidade pela aprendizagem do aluno para o professor, a escola, o “sistema” etc. Esse descompromisso que o aluno das séries iniciais tem com o seu próprio desenvolvimento o torna indolente e desmotivado. O declínio do sentido da disciplina tem aí, também, sua parcela de culpa (os professores estão sendo escorraçados por alunos de 10, 12 anos de idade).
    Sem um compromisso pessoal com o desenvolvimento e sem o retorno aos princípios disciplinares, ainda que de forma mais planejada e inteligente, dificilmente haverá melhorias na educação brasileira.

    Um abraço
    Edson Moreira (www.edsonmoreira.blogspot.com)

  3. Bem observado, Manoel. Sem dúvida, não é apenas o professor que faz a educação. Absolutamente necessário é uma formação moral dos alunos, uma disciplina, dedicação e interesse que precisam ser incutidos em casa previamente.

    Edson, respondi lá no meu blog. Espero que não se importe.

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