A Estranha Magnanimidade dos Inquisidores

Não é estranho pensar que 99% dos críticos culturais que agora elogiam o humor politicamente incorreto de Brüno e de Sacha Baron Cohen chamariam de nazi-fascistóide qualquer filme ou série brasileira que fizesse o mesmo gênero de piada sobre tudo e sobre todos?

Ou alguém imagina, a sério, que se pudesse fazer no Brasil – sem patrulha – algo como Borat ou até mesmo Seinfeld e Family Guy? Seria um massacre.

13 comentários em “A Estranha Magnanimidade dos Inquisidores

  1. No Brasil? Aqui não se pode nem mais fumar nos próprios e privados estabelecimentos comerciais!

    Até se você definir uma piada como «humor negro» está correndo o risco de ser processado por descriminação racial…

    De agora em diante só serão possíveis piadas sobre brancos, heterosexuais e fumantes.

  2. Talvez desse. Está tudo tão oficialmente avacalhado… Claro, não seria para passar na Globo no horário nobre – mas isso nem nos EUA.

    Agora, por mim, Family Guy era proibido. É estúpido, sem um níquel de inteligência, e faz pessoas crerem que são inteligentes e bacanas por curtirem a destruição gratuita de tudo. Eu fui criado no catolicismo, mas não me incomodo em nada quando um Monty Python faz um Vida de Brian, porque ali a inteligência brilha. Já Family Guy é o vazio do vazio.

  3. Sinceramente xará, muitas qualidades americanas poderiam ser adotadas, livre e espontaneamente, no comportamento dos brasileiros. Porém, a tolerância com lixos como Family Guy não é uma delas. Produto estúpido, feito com o intuito descarado de ofender! Este tipo de entretenimento só representa os excessos do liberalismo!

  4. É, Odorico, você tem um ponto aí.

    Family Guy é mesmo uma destruição integral de absolutamente todos os valores possíveis, para o bem ou para o mal. E como eles também fazem questão de destruir convenções da mídia e do jeito que acostumados a ouvir histórias, o resultado fica hilário (quem não riu na primeira vez que viu um daqueles takes absurdamente longos e sem propósito, cuja graça está exatamente em que algo tão gratuito ocupe tanto tempo de tela?).

    Por um lado, é engraçadíssimo; por outro, acho que o resultado moral é, com o tempo, bem corrosivo.

  5. Que isso, Odorico…

    Proibir só porque não é inteligente? Ou vazio, sei lá… Eu gosto de coisas vazias, de mal gosto e sem propósito, e daí?

    Assiste quem quer.

    Não se pode empurrar “coisas inteligentes” guela abaixo das pessoas.

  6. Bem, disse que por mim era proibido mais como um modo banal de introduzir um raciocínio do que como uma convicção. Mas, pensando bem agora, por mim, era mesmo proibido. Não por uma polícia – mas, talvez, num estado ideal, por gente mais inteligente e mais engraçada do que os criadores do Family Guy. De qualquer jeito, que bom que não sou Presidente.

  7. Acho que as coisas não são tão simples. É a televisão que tem que educar as pessoas? Ou a televisão apenas mostra o que se quer assistir? Existe Family Guy, que nunca assisti, porque existe quem goste e é um direito desta pessoa, por mais que não concordemos com sua preferência. Controlar o que uma pessoa deve assistir ou não na televisão é coisa de totalitarismo. Melhor mesmo é ficar com a imperfeição da democracia…

  8. Sobre os críticos culturais brasileiros não estranho nada sobre o que falam.

    Temos alguns comediantes no estilo Stand Up que tentam fazer esse tipo de graça sobre tudo e sobre todos, mas são chatos e simplórios de dar dó. E são bem elogiados! No Brasil, atualmente, não conheço um humorista ou programa que beire o conteúdo de os Simpsons.

    Ainda bem que Odorico Leal não é Presidente. Depois de pensar bem proibiria Family Guy, não por uma polícia, mas por gente mais inteligente e engraçada que os criadores de Family Guy??!!

    Eu ri. hehe.

  9. O Brasil já teve humor politicamente incorreto. Basta lembrar (e rever) como o TV Pirata atirava contra tudo e todos. E vou além: até mesmo Os Trapalhões tinha um tipo de humor que seria execrado hoje em dia…

  10. O Cohen tem uma licença especial por ser judeu, ia ser difícil Brüno passar se fosse um austríaco de verdade ali. Agora, nem Seth McFarlane nem Trey Parker e Matthew Stone são, e tudo isso acabaria proibido aqui em nome do nosso bem. Durmo tranquilo em saber que o Judiciário, o Congresso Nacional e o Senado estão sempre alertas a zelar pela moral pública.

  11. “Durmo tranquilo em saber que o Judiciário, o Congresso Nacional e o Senado estão sempre alertas a zelar pela moral pública.”

    Hhuauhauhahuahuahua

    Isso sim é 1000 vezes mais engraçado que Family Guy.

    Parabéns, Fabio!

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