Adeus, Monsieur Rohmer

Só uma notícia desse porte para tirar-me do meu recesso: morreu Eric Rohmer. Para quem não sabe, foi um dos gigantes do cinema. Cada filme seu é uma pérola – parábolas morais que mostravam como o homem moderno estava perdido em tentações tão sutis. Seu Ma nuit chez Maud (1968) é o filme sobre os tormentos de um jovem católico que se depara com duas mulheres lindas ao mesmo tempo; seu O Joelho de Claire (1971) transformava Lolita em um conto da carrochinha; seu O Amor à Tarde (1974) era uma meditação sobre os dois lados do adultério; e seu A Inglesa e O Duque (2002) é o melhor filme sobre a Revolução Francesa já feito.

Além disso, Rohmer era um dos meus modelos de artista, junto com Salinger, Pynchon, Dylan, Kubrick e Bresson. Sempre discreto, sempre misterioso, recusava-se a falar com jornalistas exceto quando algum parecia emitir alguma luz – o que era sempre díficil. Aliás, Rohmer não era Rohmer: chamava-se Maurice Schrerer e, como se não bastasse, é autor de um livro sublime sobre o estilo musical de Mozart e Beethoven.

Que descanse em paz.

3 comentários em “Adeus, Monsieur Rohmer

  1. Uma grande perda! E assim vai se extinguindo a “linhagem” de grandes cineastas, como disse uma amiga minha. Acho que só sobrou Eastwood e olhe lá.

    E vc nem citou todos os maravilhosos filmes dele. Só alguns. Mas obrigado pela nota.

  2. Uma perda lastimável. O primeiro filme que assiste dele foi a Inglesa e o Duque que sem dúvida é uma obra prima.
    Qual o nome do livro sobre Mozart e Beethoven que ele escreveu?

  3. O nome do livro é “Ensaio sobre a Noção de Profundidade na Música – Mozart em Beethoven” (Editora Imago). Outra grande obra deste artista multifacetado.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>