O erro de David Mamet

E não é que os conservadores americanos adoraram quando David Mamet, o renomado dramaturgo que era o queridinho da elite liberal de Nova York, confessou-se como um reaça de primeira e escreveu um livro para exprimir a sua nova visão-de-mundo: The Secret Knowledge? Bem, a alegria durou pouco. Segundo Scott Galupo, da revista The American…

Lavoura Macabra

“Lavoura Arcaica”, de Raduan Nassar, é um livro complicado para qualquer um que queira esboçar uma análise criteriosa. Em primeiro lugar, porque a qualidade estética é inegável: sua linguagem elaborada com plasticidade transforma seu panteísmo em algo muito palpável ao leitor, e sua ambição artística é alcançada com sucesso, pelo menos até um certo limite. E…

Harold, o Fanfarrão

Finalmente, alguém resolveu desmarcar Harold Bloom pelo o que ele é: um fanfarrão da crítica literária. Em uma resenha saborosa de “The Anatomy of Influence”, o último petardo deste Falstaff da literatura (com direito a autoreferência no título, mesclada à piscadela de olho ao clássico de Robert Burton), William Deresiewicz diz que Bloom não tem…

Especial 11 de setembro parte 3 – O ressentimento e a memória

Por Karleno Bocarro Goethe não compartilhou do entusiasmo com que Herder, Wieland, Klopstock e Schiller acolheram a Revolução Francesa. Acusado de conservador e inimigo da liberdade, defendeu, trinta e cinco anos mais tarde, para o amigo Eckermann, a sua posição: comoviam-lhe as vítimas do terror revolucionário, indignava-lhe o recurso à violência como solução aos problemas…

Notas sobre um fracasso planejado

“Os seus textos são dispostos de maneira a não manter uma distância constante com sua vítima, mas sim excitar de tal forma os seus sentimentos que ela deve temer que o narrado venha em sua direção (…). Essa proximidade física agressiva interrompe o costume do leitor de se identificar com as figuras do romance. (…)…

Giuseppe Ungaretti e a alegria do náufrago

“Se algum livro moral puder ser útil, acho que seriam úteis sobretudo os livros poéticos; digo poético utilizando o vocábulo em sentido amplo, isto é, livros destinados a mover a imaginação, e me refiro não menos à prosa do que aos versos. Contudo, tenho pouco apreço por aquela poesia que, depois de lida e meditada,…

O homem que sabia demais

Confúcio (551 A.C. – 479 A.C.) dizia que existem dois métodos para se destruir um gênio. O primeiro é a supressão: isolam-no, envolvem-no em silêncio, enterram-no vivo. O segundo é a exaltação: transformam-no em um deus, algo muito mais radical e terrível, já que assim todos ficam aliviados, sem se importarem com a consciência pesada.…