por Julio Lemos
Cartografia da amizade. Numa galáxia distante, num país para nós desconhecido – embora se trate aqui de um bairro de celebridades – duas pessoas atravessam uma rua movimentada. (O crepúsculo era já um depois).
Carregam consigo um universo interior cheio de piadas internas, decepções e uma “capacidade” quase obscena de não serem compreendidos – tipo de gente que, ao ouvir expressões consagradas como advance planning, identificam a contradição imediatamente e sorriem por dentro, como anêmonas.
E, bem, esses dois desconhecidos são quase velhos amigos. Sua história em comum está pontilhada por encontros esparsos em cafés, telefonemas vindos de países separados por oceanos, um grande desprezo aos e-mails e às pessoas que não mudam. Dir-se-ia que têm muito em comum, a começar por uma espécie de solidão extrovertida.