O fim da sabedoria

por G. K. Chesterton

No início da década de 30, enquanto a Europa se esforçava por reconstruir as ruínas deixadas pela Primeira Guerra Mundial – que logo seriam novamente destruídas na Segunda – G.K. Chesterton, já nos derradeiros anos de sua vida, publica “The end of wisdom”. O conto é uma verdadeira carta aberta do escritor britânico aos seus irmãos do Novo Mundo, que se lançavam de peito aberto ao movimento de aceleração que levaria os Estados Unidos a se tornarem a maior potência do planeta. Chesterton – cujo Perfil apresentamos nesta edição – matiza aqui os contornos marcantes de seus habituais paradoxos e as tintas de seu realismo fantástico (ou deveríamos dizer, “fantasia realista”), para pôr sua pena a serviço de uma voz antiga; mais antiga que a Inglaterra ou os Estados Unidos – que o Velho ou o Novo Mundo – quiçá mais antiga que o tempo. Uma voz, contudo, viva e apaixonada, que anuncia uma mensagem cada vez mais urgente.

H.G. Wells, amigo dileto de Chesterton, diz em seu conto “Na batida moderna” (também publicado nesta edição) que “aprendemos na agonia o que ensinamos no canto”. Quase oitenta anos depois, quanto não seria oportuno para os americanos ouvirem a mensagem da qual Chesterton é portador? E, em tempos de entusiasmo econômico, copas e olimpíadas, quanto não o será para nós brasileiros?

Todos já tivemos sonhos ou lembranças com alguma gangue de piratas saída de nossos livros infantis cuja crueldade beirava o grotesco, mas que, ainda assim, olhava com veneração e quase com horror para algum super-pirata por trás do enredo; uma figura solitária e sinistra, cuja perversidade sem limites rebaixava todos à condição de inocentes meninos de escola. Tal era a atitude dos implacáveis e ambiciosos empresários de Bison City (Illinois, Estados Unidos) em relação a um certo Mr. Crake, que cometera o Pecado Sem Perdão.

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