O seqüestro de Machado de Assis

Um mestre na periferia do capitalismo vinte anos depois

por Eduardo Wolf

Há vinte anos, o sociólogo e crítico literário Roberto Schwarz publicava seu estudo sobre Machado de Assis, Um mestre na periferia do capitalismo, consumando um processo a que chamarei de “seqüestro” de nosso maior escritor. Àquela época, o crítico já despontava como figura de referência na vida literária do país e a recepção do livro contou com estardalhaço muito além do comum para uma obra de crítica literária, em particular em país de escasso público leitor como o nosso. Duas décadas depois, o fato de que até o momento em que escrevo nenhum suplemento literário tenha se dedicado ao tema e de que nenhum evento tenha ocorrido para marcar a efeméride pode dar a impressão de que o livro está superado, de que seu autor e suas análises não estão mais na pauta do dia. Nada mais longe da realidade. O que temos é, pelo contrário, a naturalização da leitura que Roberto Schwarz faz de Machado de Assis: o estado natural das coisas é tomar a leitura sociológica desse crítico como a leitura de Machado.

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