Propõe-se, na França, uma lei que proteja o “direito ao esquecimento” na Internet, ou seja, que torne dados pessoais inacessíveis se a pessoa assim o quiser.

Como o próprio artigo do Le Monde indica (texto em francês), a maioria dos sites já oferece vários recursos de segurança e proteção dos dados. Até o paqui-brasileiro Orkut, cuja fama se deve principalmente ao desejo de xeretar a vida alheia (e de ser xeretado), já permite trancafiar para longe do olhar público todas as fotos e informações pessoais que o usuário lá colocar.

Claro, quem era esperto já olhava mais longe e não publicava informações comprometedoras, fotos humilhantes e mensagens queima-filme em primeiro lugar.

Ao mesmo tempo, discute-se, a nível internacional, a ACTA (Anti-Counterfeiting Trade Agreement). As discussões entre governos eram feitas sob sigilo absoluto, mas a informação vazou e, graças à Internet, se tornaram abertas. Sob a desculpa de proteger a informação de “falsificação”, o que esse projeto internacional de lei fará é eliminar a liberdade da Internet. Até uma simples busca por imagens no Google se tornará, potencialmente, atividade criminosa. Discute-se até revistar Ipods nas barreiras alfandegárias para saber se eles contêm músicas pirateadas. Provedores serão forçados a delatar usuários que infringirem copyrights.

Não é preciso nem dizer que todo esse esforço moralmente vergonhoso (e que os próprios defensores sabem ser desprezível, dado que discutiam em segredo) vem da cooperação entre governos (que se ressentem de ainda não controlarem a Internet) e das grandes gravadoras, cujo monopólio artificial sobre a propriedade intelectual (mantido pela mão pesada do Estado e uma argumentação totalmente falaciosa) simplesmente – e felizmente – ruiu com o advento do file-sharing.

A Internet é, hoje em dia, o único fóro democrático de discussão e disseminação de idéias. Por isso ela traz uma lufada de ar fresco ao debate cultural e intelectual, dando espaços a idéias que, se dependesse dos mentecaptos que povoam os governos e as grandes corporações de mídia, seriam limadas da história.

A Internet é maravilhosa. Vejam o site da Dicta. E quem não gosta dele, pode fazer sites contrários também, e podem nos elogiar e nos xingar, e se o site der certo ou for um fracasso, o único responsável é o seu dono e ninguém mais. É um espaço verdadeiramente de todos. E até esse espaço querem tirar de nós, sempre com a mesma demagogia barata de “proteger as crianças” e pegar criminosos (crime real é que a prática de transferir informação seja um crime).