Feliz Aniversário, Israel!

Em homenagem aos 61 anos de independência do Estado de Israel, comemorados hoje, vamos ler o que realmente importa e o que é realmente sério por dois especialistas no assunto:

– O primeiro, óbvio, é David P. Goldman, a.k.a. Spengler, que novamente escreve um post em seu novo blog na First Things, com direito a um trecho digno do melhor do “humor judaico”:

If any of you are depressed, morose, despondent, pessimistic, and glum, I have a cost-effective solution. For the price of a dozen sessions with a medicore therapist, you can get on a plane and go to Israel. That will cheer you up. Trust me. Insecurity doesn’t make you unhappy. This life isn’t secure. Shut yourself up in a cave ten miles under the earth with all the distilled water and freeze-dried food you can hoard, equip it with an intensive care unit and a dozen physicians… you still are going to die. Being alive is a very insecure condition as the probability of becoming dead at some future point is — let me check the chart — 100%. Care will slip in through the keyhole,  no matter how secure you try to be. But the Israelis have something better than security. They have faith. That’s true even of secular Israelis, for to be an Israeli is a statement of faith.

(E, sim, prefiro continuar a indicar Spengler e não falar da cantora “desculpem-me-as-feias-mas-a-beleza-é-fundamental” Susan Boyle)

– O outro craque é o scholar Richard Landes que, em seu blog The Augean Stables, dá uma aula sobre o conflito Israel-Palestina, sem recorrer às ideologias políticas e atacando quem deve ser atacado, sem o medo de perder a lucidez e o bom senso:

Here, I think the only viable explanation is to understand the blow to Arab/Muslim honor at the creation of a free and independent state run by non-Muslims in Dar-al-Islam. (For a larger discussion of this, see here.) As the Athenians explained to the Melians: “It’s not so terrible to be conquered by those who should rule (like the Spartans, or in this case the Christians), but it is unbearable to be defeated by those who should be subject (like the Melians or, in this case, the Jews).”

If you don’t know about the Muslim principles of Dar-al-Islam (the realm of submission where Muslims rule) and Dar-al-Harb (the land of the sword, with which Muslims are at war), you can’t possibly understand either the permanent hostility of the Arabs to Israel (including their refusal to recognize her), or the willingness of the Arabs to keep the Palestinians suffering in refugee camps so that they can be used as a weapon against Israel.

By Muslim standards, the very existence of Israel is a theological blasphemy and an unbearable affront to their honor. That’s what the Naqba is about. If it were about the terrible suffering of the Palestinians who had to flee as a result of the war (which is what the “pro-”Palestinian would have us believe), then the Arabs and Palestinian leaders would have done something to make their lives better (including using a tiny fraction of the trillions of petrodollars Arab countries have taken in in the last half-century). Instead they confined them to permanent refugee camps (no cement floors allowed, they had to live in tents and the mud for years)

E, last but not least, dêem uma olhada na revista Azure, em que, entre outras coisas mui interessantes, há um artigo que mostra que Slavoj Zizek (o queridinho da alta intelectualidade paulistana, junto com o delator do Zigmunt Bauman) não passa de um epígono que deseja nada mais nada menos que um governo totalitário.

6 comentários em “Feliz Aniversário, Israel!

  1. 1) É interessante que Spengler refira em um de seus posts o Heine tardio (e o homem se foi ainda quarentão) como exemplarmente israelita em meio à acelerada dissolução daquilo que é mais autenticamente judaico depois do século XVIII. Dissolução aqui e ali sinalizada inclusive naquele Heine mais conhecido por nós, até nos poemas que viraram canções famosas (e o Schumann do belíssimo ciclo do Dichterliebe não foi o único a recriá-lo). 2) A mistura de desorientação religiosa (eventualmente filo-cristã no seu caso), ironia às vezes cáustica, liberalismo político e atração por tudo que é belo e verdadeiro continua a tocar muito de perto quem o lê (ou escuta) neste início de século. 3) O poema abaixo foi gravado em seu túmulo, um dos tantos famosos em Paris. Não posso traduzi-lo em versos; tento versão prosaica for what it´s worth, mas acho que não perde quem o lê pensando nessa impressionante associação entre errância e constância, que é tão judaica e tão de cada um de nós. Há vida, luz e esperança indicadas em texto que uma primeira olhada (talvez) considere esquisito evocar no contexto do 61º aniversário de Israel estado-nação contemporâneo. 4) Heine termina ali referindo-se às estrelas acima de si. Um pouco à maneira do salmista, que no salmo 18 (19) refere a silenciosa “escritura dos céus”, dos quais nenhuma voz se ouve, mas que fazem aparecer sua linha por toda a terra. Quem souber hebraico (não é meu caso) por favor corrija se necessário, mas onde o português da Bíblia de Jerusalém apresenta “linha” no Sl 18, 5, o original, segundo André Chouraqui, traz “qavam”, que se ligaria a “qahal” (reunir) e “qol” (voz). 5) Se há por aí algum leitor, que não interprete como “qualquer terra vale”, sem mais nem menos. Não é por aí, não. 6) Por fim, link para artigo da wikipedia sobre HH. O trecho lá transcrito sobre Alemanha e cristianismo é de deixar qualquer um boquiaberto.

    Wo?

    Wo wird einst des Wandermüden
    Letzte Ruhestätte sein?
    Unter Palmen in dem Süden?
    Unter Linden an dem Rhein?

    Werd ich wo in einer Wüste
    Eingescharrt von fremder Hand?
    Oder ruh ich an der Küste
    Eines Meeres in dem Sand?

    Immerhin! Mich wird umgeben
    Gotteshimmel, dort wie hier,
    Und als Totenlampen schweben
    Nachts die Sterne über mir.

    Onde?

    Onde será que vai encontrar repouso final aquele que se cansou de fazer caminho? Sob palmeiras no sul? Debaixo de tílias junto ao Reno?

    Serei eu enterrado em qualquer ermo, por mão estranha? Ou repouso na beira de algum mar, na areia.

    Seja como for! O céu de Deus me cobrirá, aqui tanto como ali; e pelas noites, como lâmpadas mortuárias flutuarão sobre mim as estrelas.

    http://en.wikipedia.org/wiki/Heinrich_Heine

  2. Ei, Martim: aqui em Munique há uma exposição sobre Pio XII 100% positiva com referências explícitas à sua ajuda aos judeus. E nem uso alucinógenos.

  3. Pô Julio, você bem que podia nos dar mais detalhes desta exposição em um post aqui mesmo na Dicta! O que você acha hein?

  4. então Israel fez aniversário mas o que há para comemorar, é a pergunta. Uma nação muito mais admirável é a Coréia do Sul, que enfrentou dificuldades muito maiores ainda, como uma guerra em seu território (que a separou do vizinho do norte), além de décadas de opressão japonesa (antes da II Guerra) e apartir de uma população básicamente rural ao fim do conflito, surge nesse sec XXI como país moderno e economia asiática de alto desempenho. Enquanto isso eu nunca ouvi falar em automoveis ou eletrônicos israelenses… é um país que ainda não realizou algo pelo o que orgulhar-se

  5. Caro Humberto:

    Realmente, Israel não tem muito trademark em termos de bens de consumo. Mas tem o Mossad (o melhor serviço de espionagem do mundo), os kibutzs, várias mulheres bonitas (dizem que lá é um paraíso para judeus e não-judeus) além de, claro, ser o local do povo escolhido por Deus, se isso for uma informação de alguma valia para vc.

    Abraços

    Martim

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>