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Há mais por trás dessa afirmação do que a mera repetição de um fato banal. O economista Murray Rothbard, embora tivesse um pouco daquela “maluquice”, “excentricidade”, que costuma afetar intelectuais muito dissidentes das correntes de pensamento dominantes, era simplesmente incomparável quando se punha a fazer história do pensamento. Quem já leu seus volumes da história do pensamento econômico tem idéia do que estou falando, da quantidade de autores obscuros, dos quais nunca ouvíramos falar, que ele parece dominar.

Neste ensaio longo, mas proveitoso, Rothbard analisa o pensamento de Karl Marx, encontrando suas origens em correntes milenaristas, heterodoxas, do Cristianismo (as três idades do mundo de Joaquim de Flora, os irmãos do livre espírito, os anabatistas, dissidências protestantes, etc) – algumas das quais produziram seus próprios “paraísos na terra”. Na análise de Rothbard, o marxismo aparece como uma variação da “teologia da reabsorção”, mais uma escatologia sobrenatural do que uma tese científica ou sistema puramente filosófico.