O livro Wittgenstein: The Man and His Philosophy traz uma história altamente relevante, que aproveito para traduzir aqui:
Um sábio chinês, em um passado longínquo, certa vez foi abordado pelos seus discípulos, que lhe perguntaram o que ele faria se lhe fosse concedido o poder de colocar em ordem os assuntos do país. Ele respondeu: “Eu certamente garantiria que a linguagem fosse empregada com correção”. Os discípulos ficaram perplexos. “Na verdade”, eles disseram, “se trata de um assunto meio banal. Por que o Sr. atribui tanta importância a isso?” E o Mestre replicou: “Se a linguagem não é empregada com correção, então o que é dito não é o que se quer dizer; se o que é dito não é o que se quer dizer, então o que deve ser feito permanece por fazer; e se permanece por fazer, a moral e a arte serão corrompidas; se a moral e a arte forem corrompidas, a justiça não funcionará; e se a justiça não funcionar, então o povo entrará num estado de confusão sem volta”.
É ou não é?
É.
Alguns dos linguistas hoje por aí deveriam ler essa história! Não é óbvio que se eu aprendo uma língua numa gramática “inventada” por mim, você numa gramática “inventada” por você e um outro numa gramática “inventada” por ele, mesmo numa língua comum, não conseguiríamos nos comunicar?!
Tem muita gente querendo ser anárquica onde não dá para ser…
estranho porque essa história me remete muito mais ao Hobbes do Elementos da Lei do que ao Wittgenstein.
hã? mas não é, mesmo! qual é o link entre deixar por fazer oq deve ser feito > a corrupção da moral e da arte > justiça disfuncional? para mim, isso está mais para a politéia de platão. coisa d intelectual com saudade dos tempos pré-babel.
Alguns comentários confirmam exemplarmente o texto que pretenderam comentar.
Confúcio.
Essa passagem é das mais clássicas: Analectos XIII, 3.
É a apresentação da ideia de “correção dos nomes” (Zhèngmíng).
Hehehe… tô com o Valder…
Para encontrar o “link”, sugiro abrir mão do convencionalismo semântico da turma e Wittgenstein e Carnap, e saber exatamente até que ponto ele é válido. Essa turma certamente contribuiu para a frescurada desconstrucionista que décadas depois invadiu os meios acadêmicos.
Aprender a ler também ajuda.
Já dizia um antigo apresentador de TV: “quem não se comunica, se trumbica”, lembram?
Isso sempre me pareceu tão óbvio. Aliás, a maioria das parábolas chinesas se limitam a mostrar como as coisas, na maior parte do tempo, são bem mais simples do que pensamos.
Chega a ser cansativo ver como algumas pessoas (muitas, na verdade) tentam transformar o conhecimento do senso comum em celeumas político-ideológicas. Afff!
Né.
não sei nada de “convencionalismo semântico”. continuo a esperar o link.
beleza… concordo..
mas como se faz isso?? com uma lei, a exemplo da ortografia no Brasil?