O Cardeal dos Cardeais

Não, nós aqui da Dicta.com não nos esquecemos do evento mais importante da última semana – que não foi nenhum escândalo envolvendo governo ou coisas afins – mas sim a visita de Bento XVI à Inglaterra, que teve como motivo principal a beatificação de John Henry Newman, o cardeal que dizia que não era santo porque os santos não eram homens de letras. Bem, ele foi ambos.

No dia da beatificação ouvi estupefato de uma apresentadora do canal de TV por assinatura Globo News dizendo que o Papa havia homenageado um cardeal da Igreja Católica, que, só faltava dizer que por acaso se chamava Newman. Isso é o que chamo de analfabetismo funcional.

Para quem não sabe o que significa esta beatificação do cardeal dos cardeais, eis que vamos ao seu socorro e descobrimos, caso você seja poliglota e entenda inglês (se for monoglota, a Casa Civil o aceita perfeitamente, fique tranquilo), um texto recente de ninguém menos que Roger Scruton, explicando a importância de Newman para nossos dias tão conturbados – e em especial sobre o assunto da educação.

Agora, se você quiser saber mais sobre John Henry Newman, faça como qualquer um que tenha o dom da curiosidade: leia os seus textos. Estão todos disponíveis neste site e são o exemplo de que uma vida que envolve a busca pela verdade é sempre uma vida bem vivida.

7 comentários em “O Cardeal dos Cardeais

  1. É impressionante a capacidade do Scruton de unir a visão mais antiga e real de universidade com as possibilidades de “distance learning”. E mais uma vez, nós brasileiros, estamos atrasados nessa, os burocratas do MEC criam todo o tipo de impecilho para se criar nixos formais de conhecimento que não sejam aquelas delimitadas por eles – que não sabem nada de educação, só de estatísticas.

  2. Terminei no último domingo a leitura do livro “Cardeal Newman”, de Teixeira Leite-Penido. Comecei a ler o livro porque havia lido que Newman é uma das referências intelectuais de Ratzinger. Confesso que terminei impressionado com a envergadura intelectual desse personagem. Fiquei com o propósito de ler seus livros “Ápologia pro vita sua” e, principalmente, “Grammar of Assent”.

  3. Achei interessante ele dizer que, além das ciências naturais e da egiptologia, apenas a filosofia goza de liberdade acadêmica. Alguém com mais propriedade que eu poderia analisar essa colocação, mais especificamente para o caso brasileiro?
    Conheço o patrulhamento nas ciências sociais, mas não na filosofia propriamente.

  4. Caro Wagner,
    pelo visto fazemos leituras afins. Imagino que Teixeira-Leite Penido escrevendo sobre Newman seja muito esclarecedor. Do Penido estou frequentando agora o primeiro volume do “Mistério da Igreja”, despretensioso e didático, a exemplo do seu ótimo comentário rente ao texto da encíclica de Pio XII sobre o Corpo Místico. Logo no início do “Mistério” há um apanhado sobre a fé como virtude teologal, que me lembrou um comment seu alguns meses atrás.

    A “Apologia” do Newman ajuda a entender quem a escreveu, é um grande livro, mas talvez não seja sempre o melhor approach inicial. As referências específicas tornaram lenta minha navegação, o que acredito sucederia com outros leitores brasileiros. Pessoalmente, intuo que o texto sobre educação universitária e artes liberais, resenhado pelo Julio Lemos em número anterior da Dicta, permitiria primeira abordagem mais segura.

    E para quem gosta de música e encontra tempo, há esse maravilhoso oratório do Elgar sobre texto de Newman, “The Dream of Gerontius”. Lembro de uma apresentação na Sala São Paulo há alguns anos. Por falar em música, Newman compôs também os versos de um hino religioso ainda hoje muito difundido nos Estados Unidos e na Inglaterra, “Lead kindly Light”.

    Se der sorte me informarei sobre a “Gramática do Assentimento” , e com certeza lerei o Scruton linkado no post.

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