O escândalo do Vaticano

Esperei algumas semanas para encontrar um texto que fosse realista e verdadeiro sobre a praga que assolou o clima midiático a respeito das acusações de pedofilia (e pederastia, sim senhor) na Igreja Católica. Aqui está: este ensaio longo e minucioso de Joseph Bottum mostra os prismas e as nuances da situação, além de atacar o ponto principal do problema, o de que a mídia, salvo as exceções de praxe, está intoxicada pelo pensamento anti-católico como se fosse um novo ideal, uma nova forma de viver.

Eu iria além: trata-se mesmo de pensamento anti-cristão, cristofobia, para usarmos um termo próximo da patologia médica, algo que atinge indiscriminadamente protestantes, batistas, evangélicos, etc.  (Querem uma prova? Quando a Folha de S. Paulo escreveu algum editorial a favor do Cristianismo? Nunca, é claro. Mas ela fez isso para o Santo Daime.) E que os esquerdófilos que visitam às vezes este espaço não me venham com o argumento de que Bottum é um “católico-conservador-conselheiro-de-Jorge-Buxí” e fiquem, por exemplo, com este trecho do texto, que cita Brendan O´Neill, editor da prestigiada Spiked On Line e, de modo algum, amigo da Igreja Católica, mas que prefere enfrentar os riscos da verdade a continuar na segurança da ilusão:

Brendan O’Neill, editor of the Spiked-Online website and no particular friend of the Church, points out that the Irish government’s official commission spent 10 years, from 1999 to 2009, intensively inviting, from Irish-born people around the world, reports of abuse at Irish religious institutions. Out of the hundreds of thousands of students who passed through Catholic schools in the 85 years from 1914 to 1999, the commission managed to gather 381 claims—with 35 percent of those charges made against lay staff and fellow pupils rather than priests. 

“It might be unfashionable to say the following but it is true nonetheless,” O’Neill concludes. “Very, very small numbers of children in the care or teaching of the Catholic Church in Europe in recent decades were sexually abused, but very, very many of them actually received a decent standard of education.” 

E, como bem disse O´Neill em seu artigo, quem se mostra enfraquecido com esse auto-engano não é a religião cristã, que ajuda o ser humano a reconhecer seus pecados com humildade (como o próprio Bento XVI fez na Ilha de Malta, ao chorar com as famílias das vítimas de pedofilia – e de pederastia), e sim o secularismo, que, por causa de sua costumeira hubris, entra em uma sinuca de bico (e, não, não peço perdão pelo trocadilho).

2 comentários em “O escândalo do Vaticano

  1. Pingback: Tweets that mention O escândalo do Vaticano | Dicta & Contradicta -- Topsy.com

  2. Do artigo na Spiked eu tive notícia; colocarei o do Bottum na lista das leituras seguintes. Arrisco linkar mais um, ao final; texto curtinho da Newsweek, bem objetivo. Consta que, já há oito anos, 64% dos entrevistados em pesquisa do Wall Street Journal achava que padres católicos “frequentemente” molestam crianças. Se isto não é intoxicação aguda…

    http://www.newsweek.com/id/236096/output/print

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>