CRÍTICA ROMANCE
Nova tradução guarda estilo malicioso de Vladimir Nabokov
Em “Lolita” (1955), autor russo faz uso da sensualidade para retratar a crueldade humana nos EUA dos anos 50
MARTIM VASQUES DA CUNHA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Vamos despi-la dos clichês, querida Lolita. Todos sabem das suas histórias: a do padrasto que a estuprava todas as noites, a de sua morte cruel enquanto estava prestes a dar à luz. O que os outros não sabem é sobre a sua verdadeira natureza.
Por isso ainda sentem fascínio sobre a sua história e personalidade. Talvez o seu criador, Vladimir Nabokov (1899-1977), não tenha calculado seu alcance duradouro. Mas, sem dúvida, pretendia que o efeito fosse equivalente ao de Humbert Humbert quando a viu no jardim da casa de sua mãe.
Humbert ficaria ofendido se o chamassem de “pedófilo”. “Não sou nada disso”, exclamaria perante o tribunal do politicamente correto, “sofro de ninfolepsia”. Uma palavra bonita não esconde o lado perverso.
A mim sempre causa confusão essa troca de pronomes que o sr. faz, sr. Martim.
Nos parágrafos da resenha temos o você (“sua”) e na última frase o “contigo”.
Você, sua e contigo aparecem em muitos dos vossos escritos, incluíndo os contos.
Será estilo (esse “contigo” permanente) ou uma pequena falha não percebida?
O Martim escreve um puta texto sobre a nova tradução de um dos maiores romances do século XX e vem um tonto bancar o professor Pasquale Neto. Será que ele nem prestou atenção no conteúdo do texto?