Se alguém duvidava de que estavámos a ficar velhos, eis a prova: morreu Michael Jackson. Tudo bem: ele já estava em decadência há muito tempo (e colocarem a Sandy, o Gilberto Gil e a Cláudia Leitte como “artistas” ideais para comentar sobre sua morte é a prova disso), mas foi também responsável por duas obras-primas do pop – Off the Wall e Thriller. É claro que ele não teria conseguido nada disso se não tivesse a grande ajuda de Quincy Jones; é claro que ele decidiu por um tipo de vida que não era a mais indicada para a maioria dos seres humanos; mas quem não se lembra do dia em que pediu para ganhar ou ganhou ou até mesmo comprou o vinil de Thriller? Michael Jackson é o que sobrou da nossa infância: algo retorcido, inacabado, trágico. Sua morte é a comprovação de que, se os reis morrem, o mesmo pode acontecer conosco e, por isso, devemos aproveitar a vida em seu equilíbrio e em sua alegria. Como diria Cervantes no final de Dom Quixote: Vale.
Agora vai ser duro de aguenta a avalanche de Especiais na televisão e na imprensa.
Alguém precisa compor um poema a la Tolentino à máscara mortuária do menino Michael Jackson.
Me desculpe, mas fico com Steven Hayward:
http://noleftturns.ashbrook.org/default.asp?archiveID=14381
Desculpe-me, mas o “Vale!” de Cervantes na linha final do “Quixote” é apenas “Adeus!” em latim, nada tem a ver necessariamente com o significado da vida. Parabéns pelo texto.
Jano:
Mas foi exatamente o que quis dizer. Era um “adeus” ao MJ (e a referência ao Quixote era justamente ao fato de que Jacko viveu em sua “segunda realidade” durante os últimos vinte anos).
Rgs,
M.