Perguntas Inconvenientes

A conferência sobre o clima em Copenhague já começou. E aí? Está cheio de esperança por um mundo carbon-free? Se você é um economista liberal, como eu, ou um amante da liberdade em geral, deve estar é muito apreensivo com o que aqueles burocratas vão inventar para aumentar seu poder e piorar nossa vida. Contudo, devo confessar, nutro no fundo da minha alma a singela esperança de que, como costuma acontecer nessas reuniões, cada um defenda o seu e no final nada mude. De minha parte, só queria que os ecochatos poupassem o meu ar. E não estou sozinho. É notório que entre os economistas o discurso ambientalista encontra resistência. Não nos dando por satisfeitos em louvar a ganância e oprimir os pobres, fazemos questão de um mundo poluído e desértico. Ciência lúgubre mesmo. Querem saber, na realidade, por que os economistas não aceitam o aquecimento global? É por causa de seu olhar cortante, que vê muito além do lado puramente científico do debate.

Continue a leitura no Instituto Mises Brasil.

E leia também este artigo que, inspirado por Robert Nisbet, afirma que os cientistas dissidentes do presente sofrem mais perseguição e são mais silenciados do que foi Galileu. Parte do problema, argumenta, é que o financiamento da ciência está muito mais concentrado. E quem o concentra? O Estado, claro.

ADENDO: E chequem ainda esta entrevista inesperada do nosso geógrafo Aziz Ab’Sáber indicada por nosso leitor. Com uma figura desse peso da intelectualidade brasileira adotando uma postura que podemos chamar de cética, ou ao menos não-alarmista, talvez a balança fique mais equilibrada no cenário nacional.

4 comentários em “Perguntas Inconvenientes

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  2. De minha parte, acredito que Galileu esteja mais próximo dos cientistas que defendem o AGA do que dos céticos. Galileu também não tinha como provar que a terra girava em torno do sol, tinha apenas uma convicção baseada em algumas observações e admitia isso. O que a Igreja pediu em seu julgamento foi que ele afirmasse tratar apenas de uma hipótese e não de uma certeza científica. Parece que a Igreja já começava a vislumbrar o cientificismo, a crença que a ciência é a única fonte de verdade possível.

    Além do mais, Galileu estava certo em algumas partes de sua teoria e errado em outras. Ele não afirmava simplesmente que a terra girava em torno do sol, mas que o sol era o centro do universo e não possuía movimento local. Também se enganou no trajetória do movimento da Terra.

    Quando posteriormente foi demonstrado cientificamente que a terra girava em torno do sol, a Igreja não colocou objeções.

  3. É verdade que havia muita falta de humildade e até um pouco de desonestidade no modo como Galileu defendeu o heliocentrismo; talvez essa atitude pessoal tenha contribuído mais para enervar as autoridades do que a tese do copernicanismo em si, que já existia há algum tempo e não havia resultado em condenações de cientistas, até onde eu saiba. De fato, mesmo antes de Copérnico, no mundo antigo e entre um ou outro medieval, o heliocentrismo era defendido ou ao menos considerado. Também o conhecimento de que a Terra gira em torno do próprio eixo, um primeiro passo em direção ao movimento da Terra ao redor do Sol, já era amplamente difundido.

    Quando finalmente provou-se o heliocentrismo (só no século XIX, ou estou enganado?) a Igreja de fato não demonstrou objeções, mesmo porque ela (ou melhor, os homens que compunham a Igreja) já havia abraçado o copernicanismo muito tempo antes dessa prova. Ele faz muito mais sentido num mundo onde já não se nutriam ilusões sobre a imutabilidade dos astros, compostos de éter, o quinto e mais perfeito elemento, em oposição à Terra mutável, composta dos quatro elementos. A partir do momento que se sabe que a composição material dos astros não obedece a regras diferentes das do mundo sublunar, a Terra perde seu papel fisicamente especial, reduz-se a mais um planeta, e então fica difícil acreditar que ela seja o centro ao redor do qual tudo mais gira.

    Seja como for, processar e punir alguém por causa de teses científicas, provadas ou não, verdadeiras ou falsas, não é lá das melhores atitudes e nem das mais favoráveis à ciência.

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