Só o futuro poderá julgar o efeito da Internet sobre a cultura. As mudanças que ela trouxe para nossos hábitos de ler e escrever são muitas, e atuam, não raro, em sentidos contrários.
Um grande e inegável benefício, contudo, é a disponibilização gratuita da obra de grandes autores do passado. Não é mais preciso comprar caros volumes para se ler a poesia completa de Wordsworth (o que não significa que a compra dos volumes não traga inúmeras vantagens!). Há muito material online, em bons sites, à espera de quem o acesse.
Neste soneto, cuja finalidade é defender o valor do soneto, Wordsworth nos lembra de alguns grandes nomes da literatura ocidental, cuja obra, com a Internet, está à nossa disposição.
Scorn not the Sonnet
Scorn not the Sonnet; Critic, you have frowned,
Mindless of its just honours; with this key
Shakespeare unlocked his heart; the melody
Of this small lute gave ease to Petrarch’s wound;
A thousand times this pipe did Tasso sound;
With it Camoens soothed an exile’s grief;
The Sonnet glittered a gay myrtle leaf
Amid the cypress with which Dante crowned
His visionary brow: a glow-worm lamp,
It cheered mild Spenser, called from Faeryland
To struggle through dark ways; and, when a damp
Fell round the path of Milton, in his hand
The Thing became a trumpet; whence he blew
Soul-animating strains–alas, too few!
Muito bom! Eu indicaria também o Internet Archive (www.archive.org). Nessa biblioteca – construída com a digitalização de parte dos acervos de várias bibliotecas universitárias norte-americanas – é possível folhear exemplares de edições originais de todos esses autores.
É possível baixar o arquivo PDF com o livro completo, ainda que para acessá-lo isso não seja necessário. Um exemplo é esta coletânea de sonetos do grande poeta acima homenageado (Wordsworth): http://www.archive.org/stream/selectionfromson00worduoft
Saudações!
Rodrigo
http://fredb.sites.uol.com.br/lusdecam.htm
Os sonetos de Camoens. Um bom comentário ajuda muito (vg, Pedro Sette Câmara na edição impressa de D&C), mas por outro lado, se esses “humildes versos podem tanto”… Fácil encontrar na web os que arriscou Bandeira e os de Cecília Meireles, leitora e (por que não?) companheira de Rilke (“Todos ouvimos, longe, o apelo do Anjo.”). Rainer Maria, todo mundo se lembra, não os desdenhou para falar de Orfeu; e baixando das alturas, sem espalhar demais a notícia, Bilac (“Certo perdeste o senso”!) tem lá seus achados poéticos em métrica de excelente ourives. Etc (à beça) na língua pátria.
http://www.recantodasletras.net/teorialiteraria/234112
Didaticamente, dizem que funciona melhor com um vinho decente, não além de uma hêmina. Passou disto, o sujeito começa a perpetrar rimas com vasos de alabastro e talhas de Berruguete.