Servidão voluntária

Bem que gostaríamos de culpar o extremismo islâmico até pelo assassino do Realengo. Mas sejamos justos: tudo indica que ele era apenas louco; e para um louco até um filme ou uma música dos Beatles pode servir de pretexto para matar; quanto mais uma religião cuja relação com a violência é ambígua.

O que é um fato inegável é a conversão de europeus ao Islã, ou melhor,  a versões particularmente virulentas do Islã. Quão profundo é o poço de desespero no qual alguém tem que cair para que se sinta atraído a uma religião (que se entenda que me refiro a certo tipo de Islã, e não a todas as suas possíveis variações) que tem a oferecer basicamente duas coisas: um sistema de obrigações sobre as quais não é preciso pensar, apenas obedecer; e um inimigo facilmente identificável a se demonizar (os EUA)? Que o secularismo relativista facilitaria a expansão do Islã (o velho truísmo: you can’t beat something with nothing) era de se esperar; mas que ele próprio forneceria uma massa de niilistas desesperados dispostos a se submeter ao culto da pura irracionalidade e da força bruta é uma constatação surpreendente.

3/4 dos conversos são mulheres. O que se conclui disso? Que talvez elas sejam as mais vitimadas pela ausência de valores e pelo culto hedonista que se tornou a religião semi-oficial da Europa? Seja como for, eu só espero que, para o bem delas, os novos muçulmanos europeus não importem de terras tradicionalmente islâmicas as antigas tradições do assassinato de honra (bem, já estão importando; e sendo justo com o Islã, há muitos muçulmanos que condenam a prática como contrária à sua religião) e da punição física às vítimas de estupro.

Uma nota curiosa: na página do New York Times linkada acima (o último link), o comentário com maior número de recomendações é de um sujeito que iguala o tratamento dado à mulher nas tribos de Bangladesh (onde uma jovem de 14 anos foi morta a chicotadas por ter sido vítima de estupro) ao machismo dos EUA. A isso só se pode dizer: depois não venham reclamar!

4 comentários em “Servidão voluntária

  1. 3/4 dos conversos são mulheres. O que se conclui disso? Que talvez elas sejam as mais vitimadas pela ausência de valores e pelo culto hedonista que se tornou a religião semi-oficial da Europa?

    Isto é fruto do tédio… Quem está de saco cheio perde a razão. Democracia, direitos humanos, para quê?

  2. Joel eu só tenho uma coisa a falar, essas pessoas que se convertem ao islamismo não tem Jesus no coração

    fica na paz de Cristo irmão

  3. Walker Percy propõe umas reflexões interessantes sobre esse fenômeno (tão do século XIX para cá) de multidões de “selves” loucos por gratificações imediatas e inteiramente avessos a qualquer noção RAZOÁVEL de teonomia.

    Nas mesmas gratificações, esses “egos inteiramente fechados” tediosamente esvaziam de sentido seus objetos de desejo (“eyes wide shut”) e facilmente se prestam a deixar-se possuir como vetores semióticos pelo primeiro totalitarismo que aparece manipulando farrapos semânticos em registro ideológico, ou religioso, ou os dois.

    Descontextualizando um pouco o Percy, mas sem perder de todo o sentido: claro que há prazeres resultantes da obsessão por pseudo-transcendências e imanências politizadas ou meramente apropriáveis para o gozo. Esses prazeres resultam porém, não do reencontro do “self” que se perde na entrega, e sim unicamente de sua perda, da renúncia à consciência de si próprio.

    Aí, em nível individual, pouco importa se o rótulo para a renúncia ao Logos é “Islã” ou o que (já em plano sócio-cultural, claro, importa e muito).

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