Raymond Tallis fazendo o que faz melhor: debruçando-se sobre as descobertas científicas e usando-as para pensar com honestidade e profundidade.
Alguns meios de comunicação anunciaram com furor que cientistas haviam criado vida em laboratório. Na verdade, o que foi feito foi acoplar um pedaço de DNA sintético a uma célula já viva. O DNA, por si só, não é um ser vivo, mas uma molécula inerte que não se replica e nem faz nada; é só dentro de uma célula já funcional que ele adquire sua função. A vida, portanto, retém seu mistério, que parece se aprofundar conforme nosso conhecimento sobre as estruturas da vida aumenta. Vista sob certo aspecto, a vida é sopa, a célula é um saco de substâncias químicas em reação. Sob outro aspecto, a vida é andaime, estrutura rígida, que impede certas reações e facilita outras. Resta o mistério de como a anatomia produz a bioquímica, ou vice-versa.
O homem não pode produzir vida, apenas reproduzi-la…
Não deixa de ser absurdamente incrível.
Criar? É preciso manifestar algo do nada para poder dizer que criou alguma coisa. Concordo com o Luiz Renato, o homem apenas reproduz coisas, não as cria. Por exemplo, é como montar um quebra cabeças, você junta peças e monta uma imagem. Necessariamente aquilo já existia, não quer dizer que você CRIOU…
Por incrível que pareça estava pensando em escrever um pequeno texto [ensaio] sobre a criatividade. Minha opinião se coaduna com do autor acima, Nada se cria tudo se copia. A mente humana e sua capacidade “criadora” é baseada sempre em acúmulos sensoriais, empíricos, experiências; suas produções são re-produções, alterações – que podem ser básicas ou profundas – sobre a estrutura original. Alguém já deve ter percebido isso.