7 comentários em “Domar o dragão?

  1. Gostei do artigo. Só não entendi porque é preciso domar o dragão. Seria como impor os Direitos Humanos, algo citado no artigo. É óbvio que impor liberdade de informação é muito mais factível e racional que impor censura. Mas acredito muito que buscar hábitos à força em uma cultura diferente não é uma forma racional, se se pensa que os países são auto-determinados.

    Não acho que quando uma empresa se instala na China ela proclama incontestavelmente os valores daquele país. A sede do Google são os EUA, e é lá onde os valores dela estão instalados. O Google vai a cada dia buscar aplicar seus valores no país em que trabalha. Mas, reafirmo, não se pode ignorar as regras desse país, coisa que jesuítas e dominicanos nem sempre levavam em consideração.

  2. De acordo Lucas.

    O Ocidente não aprende…sempre querendo impor a civilização garganta abaixo dos outros.

    Se for essa a postura adotada em relação a China, não ficarei surpreso se daqui a alguns anos a religião que mais crescer lá for o Islã.

    Ação e reação.

    Já deu errado mil vezes, a turma da ICAR até que tá aprendendo, mas a passos de lesma.

  3. Mas veja que é um debate histórico entre os Ocidentais. Os jesuítas queriam preservar diversos traços da cultura chinesa (inclusive a honra prestada a Confúcio, por exemplo), convencendo os chineses apenas do essencial da religião cristã. Já os dominicanos faziam questão de uma mudança total de comportamento e de convenções sociais; foi essa intransigência que pôs tudo a perder e resultou no banimento do Cristianismo.

    Seja qual for a religião de cada um, católicos, judeus, agnósticos e ateus podem sim reconhecer que a civilização ocidental tem certos valores universais que deveriam sim ser aceitos pelo resto do mundo. O valor da pessoa humana, do indivíduo, por exemplo; em nações não tocadas de forma substancial pelo Cristianismo, isso freqüentemente não existe – o soberano pode decidir livremente sobre a vida e morte de seus súditos, que nada mais são do que peças da engrenagem social.

    Ninguém está falando de impor nada (ao contrário do que acontece frequentemente, digamos, em nações islâmicas, em que há imposição rigorosa). Aliás, a própria idéia de que não se deve “impor nossa civilização garganta abaixo dos outros” é, em larga medida, patrimônio ocidental. (Pode ter certeza que não é assim que um oficial chinês pensa.) Você não acha que essa tolerância é um valor que deve sim ser universalizado?

  4. Joel,

    Por mais que se negue agora, a idéia de imposição está explícita já no título por ti escrito (“DOMAR” o Dragão?).

    E mais do que isso, é reafirmada na sua última pergunta: “Você não acha que essa tolerância é um valor que DEVE sim ser universalizado?”

    Eu a respondo da seguinte forma: a tolerância é um valor que PODE sim ser universalizado, desde que os outros povos estejam dispostos a aceitá-la. Se eles não estiverem, paciência.

    Concordo quando diz que a tolerância é patrimônio ocidental, mas façamos o nosso mea culpa: ela sempre foi um valor que nós aprendemos a bradar da boca pra fora. Na hora de colocar em prática nosso exemplo foi e é patético.

    Repare que a proposta do debate entre jesuítas e dominicanos já carrega em si uma arrogância e truculência enormes. Quem conhece a Igreja (e agora falo como católico praticante) sabe que no íntimo o que esses senhores estão discutindo é o seguinte: “o que é que nós vamos fazer com tal povo, de que forma vamos traçar seu destino daqui pra frente.”

    E vou mais além. Há nele um outro cacoete cristão, e principalmente católico, perigosíssimo: o velho “olha lá aquele bando de bárbaros caminhando a passos largos em direção ao inferno”.

    Sinceramente, é muita presunção. Não somos absolutamente nada pra julgar ou prever o destino de uma alma, por mais grotesca que seja a vida de uma pessoa. Isso cabe a Deus. E quando nos colocamos no lugar do verdadeiro Juíz, cometemos barbaridades e acabamos nós caminhando a passos largos em direção ao inferno, descumprindo nossos Mandamentos básicos. A história já está cansada de esfregar isso na nossa cara, e o Ocidente segue caindo nos mesmos erros.

    Eu concordo e defendo com todas as minhas forças os valores ocidentais, mas o máximo (e é isso o que realmente fará a diferença) que podemos fazer é apresentar nossa proposta a eles.

    Já passou da hora de praticarmos a tolerância de fato.

    Um bom domingo a todos!

  5. O título é uma pergunta. O ponto de interrogação bota toda sua tese a perder.

    Nunca propus que nada fosse imposto (isto é, que algo fosse empurrado mediante uso de força, coerção), coisa que, se você lesse algum outro post meu, veria que sou contra por princípio. Você leu o que quis.

  6. O fato de se imposto não precisa ser com violência, mas a atitude de tentar criar valores para um povo que não seja por meio de argumentação é problema.

    Não acredito que os valores cristãos poderiam criar esse ambiente tolerante. Talvez preserve a pessoa como indivíduo, isso é, talvez. Porque cristianismo em cada lugar é de uma forma. Ou você quer me dizer que o protestantismo no Brasil gerou um ambiente democrático como gerou nos EUA? A moral é bem mais do que religião no meu ponto de vista, mas definitivamente não era essa a questão do post.

    Abraços.

  7. Bons comentários, Joel. Bem mais claros que minha tentativa de síntese em post anterior seu, divulgando o mapa do Ricci. É isso aí, basicamente; no caso da China como do Islã, o ponto ideal seria o do “modelo jesuíta”: não impor coisa alguma, nem deixar de propor aquilo que se conhece como verdadeiro e bom. O resto é bobagem ou barbárie – que não faltam quando o tempo é de enclausuramento defensivo/agressivo, pólo que se corresponde com o do relativismo “tout comprendre”. Epa, mais uma síntese críptica.

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