Joaquim Nabuco e a reforma do estadista

E hoje vamos com o perfil de Joaquim Nabuco. Semana que vem tem mais…

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Joaquim Nabuco e a reforma do estadista
por Martim Vasques da Cunha

“Todos os seres, desde o primeiro instante do nascimento, são, por assim dizer, marcados pela natureza, uns para comandar, outros para obedecer”.
Aristóteles, Política

 Sem dúvida, a seguinte cena poderia fazer parte de uma peça de Tom Stoppard. Em uma das salas de leitura do British Museum, de Londres, por volta de 1883, onde o teto igual a uma cúpula circular dava a impressão – junto com as escrivaninhas que formavam uma série de pequenos círculos e a ausência de janelas que criava uma atmosfera sufocante – de que se estava dentro do inferno de Dante Alighieri, encontrava-se um rapaz esbelto, formoso (apelidado de “Quincas, o Belo” pelos colegas de Pernambuco e do Rio de Janeiro), admirado com os 600 mil livros à sua disposição, pronto para arregaçar as mangas e começar a escrever a obra que, segundo ele, denunciaria o sistema de escravidão sobre o qual o seu país se sustentava. Ao seu lado, enquanto pesquisava dados e estatísticas para fundamentar a sua argumentação política e econômica, havia um outro senhor, todo desalinhado, com a barba enorme e grisalha encostando na madeira da escrivaninha, mexendo-se sem parar na cadeira devido aos furúnculos que incomodavam as suas nádegas, soterrado entre livros e mais livros. Seu nome era Karl Marx, e o livro que estava a escrever era O Capital.

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4 comentários em “Joaquim Nabuco e a reforma do estadista

  1. Obrigado, pessoal da Dicta, por postar o texto do Martim. Este ensaio é muito conveniente nesses dias atuais, em que a esperança na política brasileira já morreu. Torna-se cada vez mais urgente, talvez num tom um tanto revoucionário, o resgate do pensamento e da vida dos nossos melhores homens; precisamos redescobrir nossos heróis.

  2. Reitero a avaliação dos leitores acima, muito bom Martim. E, como você observa no texto, é incrível a atualidade daquilo que ele fala sobre o funcionalismo público. E pelo que entendi, ele associa isto a um certa “alma escrava” do brasileiro.
    No final, Martim diz que, entre a reforma e a revolução, optou-se pela segunda no Brasil.
    A que revolução você está se referindo, Martim, a alguma data específica ou a um certo espírito revolucionário, uma busca por soluções mágicas, que tomou conta de nossa política?

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