Charlotte Raven, inglesa de classe média alta, foi diagnosticada com a doença de Huntington. É uma síndrome raríssima, mas relativamente famosa nos últimos anos graças à série House (pelo menos foi assim que eu fiquei sabendo dela). Pouco a pouco, o cérebro se degenera, e a pessoa perde o controle dos próprios movimentos (contorções e espasmos involuntários dos membros) e torna-se sentimentalmente instável e intelectualmente débil. A morte demora a vir, mas a incapacitação para o convívio social chega rápido. Os primeiros sintomas manifestam-se, em geral, por volta dos quarenta anos (idade de Charlotte). Uma vez detectado o gene da doença, é certo que o indivíduo, cedo ou tarde, apresentará os sintomas. Não há cura conhecida.
Em suma, descobrir que se é portador do gene não é uma notícia fácil de digerir. Dá para entender porque muitos consideram o suicídio. E foi essa a decisão inicial de Charlotte: se matar. A questão era como: dose de heroína letal num quarto de hotel; algo menos dramático em casa; quem sabe uma passada na sede da Dignitas (empresa que faz eutanásia), na Suíça. Tinha também que justificar a própria escolha para o marido, que não aceitava, e para a filha, pequena demais para ser devidamente informada sobre a situação da mãe. Foi com o tempo, com um auto-conhecimento mais profundo e com uma visita a uma vila de doentes na Venezuela que Charlotte mudou sua decisão, e escolheu viver. Leiam a história completa aqui.
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Fantástico artigo.