Vivir con lucidez una vida sencilla, callada, discreta, entre libros inteligentes.
–Nicolás Gomes Dávila
Duas notinhas aparentemente inocentes no popular(esco) Psychology Today:
– The Trouble with Smart Girls;
– Want to get Smarter? Read something from this list.
A primeira lida com a seguinte perplexidade: concedemos, as moças são mais espertas; mas por que os rapazes é que se destacam, especialmente em empreitadas intelectuais? A resposta de H. V. Halvorson é bastante convincente.
A outra trata do problema da educação: nosso depósito de conhecimentos, especialmente em matemática e ciências naturais, expande-se rapidamente, mas uma maioria devastadora vive de costas para ele. Uma educação capaz de suprir essa lacuna foi chamada de ‘odisséica’. “An Odyssean curriculum — escreveu Dominic Cummings — would give students and politicians some mathematical foundations and a map to navigate such subjects without requiring a deep specialist understanding of each element.”
Numa época em que uma parte considerável da classe universitária contenta-se com divulgação científica da pior espécie (ou, pior, limita-se a vagas ‘preocupações sociais’) e uma outra parcela pretende suprir a lacuna com estudos estritamente humanísticos (ou, pior, com curiosidades do passado, como o Trivium ou o esoterismo); nessa situação, a questão da educação volta à ordem do dia.
A lista é longa, e não faz concessões à facilidade. Um episódio contado no StackOverflow ilustra, todavia, até onde podemos chegar com essa atitude:
When I started my post-graduate studies, and expressed some concern that I had not taken all the basic courses for the subject, my professor said: “It doesn’t matter what you did before, as long as it was hard.”
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Aos interessados em filosofia: a College Publications lançou uma série em português editada por Newton da Costa; a series of books in Portuguese dealing with philosophy of logic, philosophical logic and history of logic. Three types of books are published: translations of classical works with introduction by specialists, textbooks for undergraduate students and graduate students, research monographs.
Você tem uma lista dos melhores sites e publicações para quem deseja acompanhar as novidades da matemática e das ciências naturais que esteja bem acima das “publicações científicas da pior espécie? E uma sugestão: por que não atualizam a lista de links deste blog colocando estes sites que vocês recomendariam sobre ciências, separando-os por área, juntamente com links para sites relacionados a outras campos de interesse da revista: filosofia, artes, etc?
Caro Júlio Lemos,
você concorda com a lista do Dominic Cummings? Acrescentaria ou tiraria algo? Para quem está começando em exatas, os livros e teses que Cummings cita seria o melhor caminho?
Grato.
André, a lista é muito boa para quem está começando, embora também tenha alguns títulos mais difíceis. Eu talvez acrescentaria alguma coisa ou outra, mas é uma questão de preferência. Dá para confiar nas indicações.
Vinícius, tem muita coisa por aí. O site da Wired (e a revista impressa) é um clássico em ciência e tecnologia. Mesmo a Scientific American e a Nature tem coisas boas. Já a Scientific American brasileira acho que é muito mal dirigida, embora eu não conheça muito bem. Eu tinha em vista principalmente a literatura que faz oversell de neurociência. A melhor saída é ler os divulgadores de ciência sérios, como Roger Penrose, Hawking, Krauss e até filósofos como Daniel Dennett (por exemplo o livro Darwin’s Dangerous Idea). Eu não conheço bem a parte de biologia, mas o Dawkins tem alguns trabalhos antigos bons (eu não gostava dele até ler The Blind Watchmaker inteiro). Só desconfiar de autores ‘alternativos': tanto aqueles que sofrem da velha inveja do sucesso da ciência quanto aqueles que tratam a ciência como se fosse uma panacéia para todos os males da humanidade. Os livros são fontes mais completas sobre ciência que artigos especializados. Por isso a lista do Dominic Cummings é muito boa. Sobre sua sugestão, obrigado! Vou pensar nessa ideia.