We call them “cowboys”

Tive a sorte, nesta semana, de conhecer Rémi Brague numa palestra, descrita num artigo do Tagespost (em alemão) e comentada em meu blog.

Mas o que nos interessa aqui é uma surpreendente entrevista publicada em The Clarion Review intitulada “Yellow Ants, Fundamentalists, and Cowboys. Ela servirá de introdução às principais preocupações desse ‘pensador’ no melhor sentido do termo.

Deixo um trecho apimentado como propaganda:

Do you think there is a threat that Europe may lose this unique openness? Is the West becoming ‘normal’?

With the decline of Christianity and classical education, the West is indeed becoming less and less interested in the classical sources of our civilization. Knowing less about our own civilization also seems to make us lose the ability to listen carefully to what we could learn from others. The Chinese show us that to survive you must work. And what do we do? We call them “yellow ants”. Muslims show us that to survive, you must procreate. We call them “fundamentalists”. Americans could teach us that you must not blind yourself to the fact that you have enemies. And what do we do? We call them “cowboys”.

Why are we allowing this to happen?

Perhaps we have become victims of our own success. It seems Europeans have eaten the carrot of civilization that used to spur them onwards. To survive, we must learn to remain humble, in spite of our successes.

15 comentários em “We call them “cowboys”

  1. Essa conversinha do Brague lembra novamente aquele papo de “unidade transcendente das religiões”…

    Eu diria que esse é o grande perigo dos nossos teóricos conservadores de pegada mística: um ecumenismo que não só faz uma salada de frutas, como a joga no liquidificador.

    Mas isso deve ter sua causa na Era de Aquário… ou em alguma configuração das estrelas. (Perguntemos a Olavo de Carvalho ou Pedro Sette Câmara.)

  2. “Éric Voegelin a cherché à considérer non seulement certaines tendances de la modernité, mais l’ensemble du projet de celle-ci, comme une résurgence de la gnose. Il ne nomme d’ailleurs guère les gnostiques concrets contre lesquels luttèrent les Pères, et en particulier ne dit rien sur Marcion”. Rémi Brague: Europe, la voie romaine, Gallimard, pp. 228-9. Verdade que aqui ele cita A nova ciência da política, lançado pela Unb por volta de 1980. Desde essa época o Prof. Hugo Amaral adotou o livro em cursos na Fafich da UFMG.

  3. Adrian, você está por fora. Não há nada em Brague que lembre unidade transcendente das religiões. Bem pelo contrário. O que ele mais costuma acentuar é justamente as diferenças entre as 3 ‘grandes religiões’. Em segundo lugar, ele não é do tipo conversinha. Tem um trabalho acadêmico rigorosíssimo, traduções do árabe, etc., e dá aula em duas universidades, diante de professores e alunos extremamente críticos (não se trata do Brasil, não se esqueça; na Alemanha, a coisa é outra, apesar dos defeitos).

  4. Para começar já em marcha elêntica: não é porque alguém ache as diferenças que não pode achar a unidade. Pior: ninguém jamais partiria para encontrar uma unidade se as diferenças não fossem muitas. Então essa objeção não vale.

    Quanto a fazer traduções do árabe, Schuon não as faz também? “Alunos sérios” na Alemanha? Não duvido. Deve haver aos montes. Não foi aí que Mohamed Atta estudou antes de partir para o sucesso?

    Quanto a ter trabalho acadêmico seriíssimo, isso muita gente que sai dando a opinião por aí tem. Tê-lo não implica necessariamente que a opionice terá grande valor.

  5. E o Brague real, que vc parece esquecer, continua tendo nada que ver com unidade transcendente, Schuon, conservadorismo, etc. Ainda nao entendi seu ponto.

  6. Mas que vileza, senhor Avillez! O nome é mesmo uma profecia…

    Quanto ao Brague real, acho muito bonito estudar religiões comparadas, a mística e o mais. O perigo é a crença camuflada em um pluralismo religioso que pode surgir daí.

    No Brasil temos o exemplo de um “astrólogo” que baseou uma nova ciência na mística islâmica. Mundo afora temos Schuon, Guenon, Coomaraswamy, etc. Já ouviu falar nisso no Brasil de uns 15 anos para cá? Sabe de alguma geração que tenha caído nisso aí? Já ouviu falar em Caio Rossi?

    Não digo que Brague seja um adepto da “religião perene”. Até onde sei, não é. Mas é sempre um perigo que se corre. E eu estava apontando para isso. Só.

  7. Julio,
    Que privilégio ver Remi Brague.!!! eu só li algumas entrevistas e alguns textos na net, mas já me impressionei com o cara… vc disse que ia perguntar a ele sobre a Caritas in Veritate. E aí?

    Vc teria alguma sugestão de texto dele a disposição, em português, no mercado?

  8. Sérgio, não consegui perguntar a ele. Esgotou-se o tempo para perguntas. Como sou jovem, estrangeiro e desimportante, acabei não jantando com ele nesse dia… Vou ainda ver se consigo propor a ele escrever para a Dicta.

    Quanto às obras em português, siga as sugestões do AB acima!

  9. Sensacional essa entrevista do Remi Brague linkada do University of Chicago Press pelo amigo AE.

    Eu, que sequer conhecia o pensador, fiquei deslumbrado com alguns de seus insights sobre religiões, cristianismo, filosofia e moral.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>