Vemos imperar uma mediocridade crônica no cenário intelectual brasileiro. E dessa vez ela não vem dos acadêmicos da USP dignos desse nome, que ao menos podem dizer que, em algum momento de suas vidas, se dedicaram a alguma questão difícil, dialogando com sábios alemães como Feuerbach ou Hegel; dessa vez não vem apenas dos beletristas e bacharéis, que ao menos sustentaram suas famílias com alguma profissão liberal; e nem do proletariado intelectual revolucionário das regiões mais pobres do Brasil. A nova mediocridade parece proceder dos “sem-academia” e dos que, nela tendo entrado, trocaram qualquer resquício de ciência pelas convicções de grupo e pela marcação de posições ideológicas de qualquer linha.
Um amigo recordava hoje de passagem da palestra que Max Weber deu em 1918 em Munique, no mesmo lugar onde estudei no doutorado há 3 anos. (À época, comentando o cenário brasileiro, um colega austríaco dizia que nunca tinha visto em sua terra darem ouvidos a vozes que não tivessem passado antes pelo rigor dos seminários acadêmicos e da “revisão por pares”. “Por mais que muitos acadêmicos tenham parado de estudar depois do doutorado, os que o fizeram se retiraram imediatamente do debate, convencidos de que não tinham nada que acrescentar”, dizia ele.)
A passagem de Max Weber na verdade diz o que qualquer intelectual que tenha passado pelo equivalente ao colegial na Europa, ou qualquer estudante de exatas no Brasil, teria por óbvio. Mas aos que estão “de fora” — aos que não têm a mínima ideia do que é contribuir para alguma área do saber — a passagem soa como uma grande e humilhante novidade:
Apenas por meio da especialização mais restrita o cientista se torna consciente, de uma vez por todas, e talvez para nunca mais [tornar-se consciente disso] em sua vida, de que ele conquistou algo que há de perdurar. Uma conquista realmente definitiva e boa é hoje sempre uma conquista especializada. E quem não tem a capacidade de se tornar cego a tudo o mais, por assim dizer, de ser tomado pela ideia de que a salvação da sua alma depende de ele estabelecer ou não uma conjectura correta sobre essa passagem nesse manuscrito particular — quem não tem essa capacidade pode cair fora da ciência. Ele nunca terá o que podemos chamar de uma ‘experiência pessoal’ da ciência. Sem essa estranha intoxicação, alvo do ridículo das pessoas de fora, sem essa paixão […], você não está chamado a fazer ciência e poderá ir fazer outra coisa.*
Digo ‘humilhante’ porque é difícil, a alguém que gastou muitos anos de sua vida apenas lendo livros e os comentando, e nunca teve a oportunidade de se dedicar a alguma questão genuína (uma Fragestellung, no texto de Weber) de alguma esfera do conhecimento, reconhecer que ficou para trás. A mediocridade, embora seja cômoda, exige o pagamento parcelado de um preço alto: sofrer progressivamente na carne a impossibilidade de refazer o caminho desde o começo, descobrindo a própria vocação para o trabalho intelectual duro e escondido — se ela existe — e tomando todas as medidas para que ela seja exercida com alguma dignidade. A mediocridade insistente, dogmática, de que falava no início, é incompatível com a humildade que a ciência exige. E fora da ciência encontraremos quase que exclusivamente a arena fácil da opinião, da posição política, da afirmação de convicções pessoais; mas não encontraremos resultados, e muito menos desafios. Enquanto a comodidade for o critério brasileiro de qualidade, especialmente nas humanidades, não sairemos do lugar em que os antigos padres-professores, e mais tarde Marx-professores, nos colocaram ao legar-nos uma cultura entre beletrista e revolucionária (no pior sentido do termo, cultivado tanto à esquerda quanto à direita – – nesta última com o nome de ‘reação’).
O critério terá de ser o da excelência sobre a marcação de posições e a apologética que resume o debate intelectual brasileiro (e não falo apenas da pregação católica, padrão máximo de qualidade, que é um fenômeno dos blogs). Assim a imitação nacional dos debates involuntariamente humorísticos entre Chesterton e o autor de Pigmaleão dará lugar a uma forma de vida intelectual um pouco mais sólida.
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(*) Trad. livre da passagem original, que transcrevo: “Nur durch strenge Spezialisierung kann der wissenschaftliche Arbeiter tatsächlich das Vollgefühl, einmal und vielleicht nie wieder im Leben, sich zu eigen machen: hier habe ich etwas geleistet, was dauern wird. Eine wirklich endgültige und tüchtige Leistung ist heute stets: eine spezialistische Leistung. Und wer also nicht die Fähigkeit besitzt, sich einmal sozusagen Scheuklappen anzuziehen und sich hineinzusteigern in die Vorstellung, daß das Schicksal seiner Seele davon abhängt: ob er diese, gerade diese Konjektur an dieser Stelle dieser Handschrift richtig macht, der bleibe der Wissenschaft nur ja fern. Niemals wird er in sich das durchmachen, was man das „Erlebnis“ der Wissenschaft nennen kann. Ohne diesen seltsamen, von jedem Draußenstehenden belächelten Rausch, diese Leidenschaft, […] hat einer den Beruf zur Wissenschaft nicht und tue etwas anderes” (Wissenschaft als Beruf).
Duas coisas me incomodam no seu texto. A primeira é que não consigo imaginar alguém defendendo a mediocridade que você critica, e portanto não sei quem se beneficiaria da crítica.
A segunda coisa é que você me parece confiante demais na avaliação acadêmica brasileira, o que é estranho especialmente no caso das humanidades. O pior é que você transitou, parece-me, em alguns desses ambientes, e não pode ter deixado de notar alguns comportamentos escandalosos dos “pares” acadêmicos.
Para não ficar vago, menciono alguns casos. Primeiro: as constantes recusas oferecidas a pesquisadores estranhos ao grupo (de outros estados, por exemplo), independentes de seu mérito. Segundo: nossos doutores são famosos por nem ao menos ler os trabalhos que vêm de fontes “suspeitas” (fora da patota). Terceiro: rejeitam trabalhos baseados em bibliografia desconhecida por eles. Quarto: geralmente têm um nível baixíssimo de conhecimento do assunto que estão julgando. Quinto: costumam usar desculpas esfarrapadas para empurrar suas decisões de caráter grupal (a favorita, porque às vezes cola, é que o rejeitado “não conhece a bibliografia mais recente”).
Em suma: você acha mesmo que é preciso exigir de um intelectual sério a aprovação nesse tipo de círculo? Isso soa ingênuo.
Rafa, se incomoda é um bom sinal.
1) Ninguém exalta a mediocridade — o que fazem é praticá-la a olhos vistos.
2) O texto não elogia a academia brasileira, como você deveria ter percebido. Só existe um elogio do ideal de Weber — e quem passou por uma descoberta histórica ou científica sabe do que estou falando — e da revisão por pares. De outro lado, não vejo isso que você vê na academia brasileira em geral. Tenho boas e más amostras na minha experiência. (Por exemplo, três colegas de doutorado, calouros, vieram de outros círculos ou de outros estados.) Mas sempre que houve ciência (em sentido amplo, pois me refiro às humanidades) ocorreu aquela experiência weberiana.
3) Sem passar ao menos pela academia, por defeituosa que seja a prática, sequer existe um início de vida intelectual. As boas exceções são muito raras. Na situação atual eu as desconheço.
Parece que você entendeu meu comentário de modo mais categórico e agressivo do que eu o desejaria, Julio.
É exatamente por ninguém defender a mediocridade, apenas praticá-la, que o efeito do seu texto me parece limitado. Será que um medíocre desses consegue associar o que você diz a si próprio? E se não é esse o público-alvo, então qual é? As pessoas que já superaram o problema?
Não sou tão burro de não perceber que o objetivo de seu texto não é elogiar a academia brasileira. Mas ele passa em branco os defeitos dessa academia, num elogio genérico da ciência. O que questionei foi justamente se podemos aplicar esses critérios ideais (que idealmente são inquestionáveis, claro) nas circunstâncias concretas deste Brasil varonil. Você mesmo reconhece que a aplicação é, no mínimo, complicada.
Também não quis dizer que é tudo um lixo e que não há bons acadêmicos nas humanidades. Mas ainda ouvimos estórias escandalosas com frequência. Por isso eu não posso, em sã consciência, desprezar um estudioso sério só porque preferiu ficar à margem da universidade. Posso, sim, desprezá-lo se ele não mostrar fundamentação de nível científico; isso, todos os estudiosos são moralmente obrigados a fazer. Abs!
Pode ser, Rafa; então peço desculpas se o entendi muito categoricamente. E obrigado duas vezes pelas suas observações agudas.
Creio que os medíocres se reconhecem quase sempre nessas descrições. Dificilmente voltam atrás, porque dá trabalho. Faço menção a isso ao falar da humilhação. Muitas vezes eu e você, suponho, nos sentimos medíocres ao ler, digamos, uma peça de Racine. Nossa reação pode ter sido boa ou má; mas o curioso (e é aí que acredito que o efeito do texto não seja limitado) é que existe uma boa e uma má reação, e nós podemos escolher. Um persistirá no seu intento de pesquisa, mesmo com os defeitos da academia, e procurará produzir algo duradouro. Outro xingará o autor da descrição, imaginando que ele a fez apenas para atingi-lo ou o que seja. O ponto é que pouco nos deve importar se podem reagir mal; fazemos o que nos parece ser o nosso dever.
Não sei se existem boas avaliações da prática acadêmica no Brasil — com números e uma análise detalhada. Mas se não existem, alguém deveria assumir o trabalho. É um projeto antigo do pessoal da Dicta, aguardando alguém que a possa levar a cabo, percorrendo as universidades e fazendo perguntas impertinentes.
PS.: Eu testemunhei com folga o ideal weberiano em prática, tanto no depto. de Filosofia do Direito e de Direito Civil da USP quanto em outros deptos. de humanidades dessa mesma universidade; o mesmo acontece ano após ano no CLE da Unicamp. Se vamos para as ciências naturais e exatas, então, pesquisas sérias o suficiente para obter o aplauso de Weber são a regra, e não exceção.
Perfeito Júlio! – e olha que é difícil eu concordar contigo hehe
Fui criticado por alguns “dictamaníacos” quando estranhei – e rejeitei – chamarem o Elfes de “estudioso” de determinado assunto ao participar de um debate.
Alguns tontos acharam que eu disse que ele não era inteligente…
Perfeito este seu comentário: “Sem passar ao menos pela academia, por defeituosa que seja a prática, sequer existe um início de vida intelectual. As boas exceções são muito raras. Na situação atual eu as desconheço.”
E este seu amigo austríaco tb vai fundo: “um colega austríaco dizia que nunca tinha visto em sua terra darem ouvidos a vozes que não tivessem passado antes pelo rigor dos seminários acadêmicos e da “revisão por pares”.”
Precisamos parar de confundir o “não concordo” com o “o trabalho de fulano é ruim”. Exemplo, já leram o pessoal de Frankfurt?? Aquilo é ruim? É pobre? É mal feito? Podemos não concordar com Adorno, Horkheimer, Habermas,… mas disser que aquilo é lixo vai uma distância gigantesca.
É que o resumo disponível em algum index na clericalnet deve ter dado duas estrelinhas ao texto… aí neném achou que aquilo era feio!
Caio, estou de acordo. E gostei dessa sobre a Escola de Frankfurt. Isso infelizmente é verdade. Ao seu comentário lateral, acrescento: toda forma de clericalismo, mesmo a que se propõe como puro ‘espírito laical’, vem sempre acompanhada de suma mediocridade (sem que o medíocre perceba no que está metido; mas é sempre tempo de voltar atrás!). É impossível concentrar-se na excelência quando o método é instrumental — apologético ou revolucionário. Digo impossível porque nunca vi acontecer. Talvez eu esteja errado, e minha amostra esteja viciada; ainda assim, o ônus da prova não é meu.
Faltam coragem e senso de dever aos nossos acadêmicos. Fosse diferente, vários gurus que se apresentam como grandes conhecedores do que vai do alfa ao ômega já teriam sido desmascarados e não estariam por aí fazendo pose de sábio. Um dos melhores exemplos desse senso de dever intelectual mostrado na prática é a resenha destruidora que Terence Irwin escreveu a respeito do livro de Leo Strauss sobre o Sócrates de Xenofonte («Xenophon’s Socrates by Leo Strauss», The Philosophical Review, Vol. 83, No. 3 [Jul., 1974], pp. 409-413). Falta esse tipo de seriedade acadêmica no Brasil, que consiste em desautorizar o doxólogo (ou filodoxo) e o sofista.
Por fim, ouso dizer que Shaw destruiria Chesterton a qualquer hora do dia, dado seu imenso talento; mas, ao cabo, levando-se a sério a tal vocação para ciência de que falava Weber, não é o espetáculo agonístico que importa. Àquele que com tal se regojiza, baste o homoerótico UFC. E que as formigas trabalhadeiras (quer engenheiras, quer carpinteiras) laborem silenciosamente, deixando o beletrismo vazio às moçoilas & cigarras mágicas que escrevem ensaios sobre as vestes femininas e o estatuto das catoliquetes na nova ordem do século.
“I wish I could have skipped college,” Mr. Kripke said in an interview. “I got to know some interesting people, but I can’t say I learned anything. I probably would have learned it all anyway, just reading on my own.”
http://www.nytimes.com/2006/01/28/books/28krip.html?_r=0
Sim, Felipe. Quem publica no JSL um artigo seminal aos 19 anos, ainda na graduação, não precisa nem pensar em doutorado; talvez por isso seja professor em Princeton. É um bom exemplo a seguir — para quem tem um talento superlativo.
Adriano, creio que isso (dos gurus e sábios) seria aumentar as coisas. O que se vê é mais nulidade que impostura. Falta energia até para a picaretagem.
Qualquer trabalho de crítica tem de ser ao mesmo tempo pontual, no sentido de levantar problemas concretos (como a falta daquela ‘experiência da ciência’ de que fala Weber), e geral, evitando querelas e acusações contra fulano ou beltrano. Eu não vejo nada de produtivo em alfinetar pessoas. A descrição da mediocridade atinge todo mundo; até os que são talentosos, porque muitas vezes não querem trabalhar duro. E mais. O autor do texto deve ser o primeiro a se sentir atingido pelas alfinetadas gerais. Na sequência, os que concordam com ele deveriam também se sentir ‘atingidos’. O foco deve ser o critério. As pessoas que lutem contra as próprias misérias.
Sim, Julio, você tem razão.
De minha parte, porém, acho que o ideal é me livrar de alfinetes mesmo. A pulsão por usá-los é sempre vã e infantil.
Nesse sentido, Pedro Sette Câmara sempre terá razão: fale sobre assuntos e não pessoas. Só não entendo como todos façam de pessoas seu assunto. Talvez seja o amor ao próximo.
Mas tergiverso e paro por aqui.
Julio,
“Digo ‘humilhante’ porque é difícil, a alguém que gastou muitos anos de sua vida apenas lendo livros e os comentando, e nunca teve a oportunidade de se dedicar a alguma questão genuína (uma Fragestellung, no texto de Weber) de alguma esfera do conhecimento, reconhecer que ficou para trás.”
Bom, é o meu caso. Não sei se por pura inapetência, incompetência ou opção profissional, pois desde o início optei pela vida executiva. Mas, o fato é que fiquei apenas nas leituras, intensas, é verdade, mas só nisso.
Não sei se mediocridade intelectual é o melhor termo para definir essas pessoas que, como eu, fizeram outra opção em suas vidas, mas o que me incomoda nesses debates que tenho visto recorrentemente aqui e em outros blogs (vide a querela Joel x Ronald no “Ad Hominem”) é uma tentativa de calar aprioristicamente o ‘não-especialista’ como se ele nada pudesse contribuir para qualquer coisa, nem ao menos com suas dúvidas, angústias e, talvez, até mesmo com suas ideias, cabendo-lhes simplesmente o papel de espectadores (alguns gostariam de incensadores) dos debates entre os ‘experts’.
Há, não raro, lampejos de inteligência e de intuição criativa entre os “medíocres” e, também, muitas vezes os ‘experts’ perdem-se nos labirintos de sua erudição e petulância e pouco conseguem criar.
Wagner, eu não vejo como o não-especialista não possa contribuir. Só não pode contribuir como especialista — de resto, se souber o que está fazendo, já faz mais do que a média. Além disso, argumentos se avaliam não por quem os dá, mas pela sua qualidade.
Um adendo, Julio: embora você tenha razão quanto à nulidade e, acrescento eu, pusilanimidade acadêmica, creio que Rafael tocou num ponto importante em seu comentário, que me parece ser uma certa política de silêncio confortável que existe na universidade. O ponto é velho, mas vale a pena ser repetido: falta debate, falta oxigenação e sobra comodismo com o arco de referências de grupo (os famosos GTs e quejandos). É claro, isso não é um problema que só se vê na universidade; nos grupos de resistência, que se organizam para fazer circular ideias e autores ignorados pela academia, também se vê o mesmo engessamento de ideias e de referências. É como se algum tipo de ácido lático etéreo se formasse e enrijecesse o movimento intelectivo solto e leve que se esperaria de um intelecto são e oxigenado, capaz de conhecer e debater seja com frankfurtianos, seja com austríacos; quer com weberianos, quer com voegelianos.
Vejo a mesma saída que via quando entrei na USP em 2006 e propunha ao Centro Acadêmico de Filosofia um debate entre Olavo de Carvalho e Oswaldo Porchat.
Claro, há um certo personalismo e um certo anseio pelo espetáculo agonístico ao se propor um tal evento, e não é ele exatamente a saída. Creio que a saída hoje, como fármaco para a mediocridade imperante, seja o liderar pelo exemplo, não fazendo assunto de pessoas, e sim pessoas fazendo assunto de argumentos e ideias (o esforço de Desidério Murcho foi mais ou menos bem sucedido nisto).
Uma advertência: é preciso também sair do discurso exortativo e protréptico, e dar exemplo; a queixa e a reprimenda constante, em forma literária de exortação à virtude, parece-me um vício que esconde a falta de produção de ideias, argumentos, textos, ensaios, etc., que se mostrem indutores de um debate público que troque o se dizer o que se tem de fazer pelo se fazer o que se tem de fazer, que, neste último caso, implicaria superar a verborragia típica de blogs e de madames que chegam ao mundo agora e que não se cansam de choramingar pelo terrível e decadente estado de coisas.
Alguns exemplos positivos: Philosophy Etc. e Siris.
(Fim de exortação.)
Muito boa essa pauta para as humanidades, Adriano. Alternativa que pode ser paralela: fazer o que fiz aos poucos, e migrar para as exatas. {-:
Malandragem! Sempre puxando sardinha para os pitagóricos disfarçados de engenheiros. (Brinco, brinco.)
Essa passagem de Weber condiz muito com o que o Professor Olavo de Carvalho repetiu várias vezes em seu Seminário: que só deveriam ter acesso à atividade opinativa em uma publicação séria aquelas pessoas que antes tivessem se dedicado a um trabalho sério acerca de uma questão concreta que tenha merecido publicação e reconhecimento. Ele lembra, por exemplo, que todos os opinadores de respeito nos EUA tem uma obra de respeito publicada.
Permita-me a piada-metáfora – este texto diz: o grande mal que Martinho Luthero e outros protestantes nos legaram não foi exatamente suas doutrinas (até porque estava correto em muitas de suas denúncias contra a Igreja), mas o fato de terem-na abandonado.
Ok., eu, tomado, infelizmente, pelo vício do sincretismo que estou, sem abandonar os bons cultos protestantes que frequento, já que não consigo ficar sem orar em algum templo, vou procurar uma bela diocese católica com rito tridentino e tudo assim que puder. Prometo, ao menos, não pregar.
Oh não, mais uma piada clerical.
“É impossível concentrar-se na excelência quando o método é instrumental — apologético ou revolucionário”
Julio, a obra filosófica de Santo Tomás, para o qual a filosofia é ancilla theologiae, poderia ser enquadrada na mediocridade por esse critério?
Não, por três motivos: 1) Tomás de Aquino era um gênio; 2) as condições medievais eram radicalmente diferentes; 3) ele tratou diretamente dos temas, e o instrumentalismo ali era muito sutil (o que vale mais para o trabalho diretamente filosófico dos opúsculos e comentários às obras aristotélicas; a Summa, filosoficamente, é pouco interessante — e intencionalmente ‘medíocre’). Tentar ser como Tomás de Aquino é como tentar jogar tênis como Pancho Gonzales.
Isso é verdade, Samantha. Disse muito bem o Olavo.
Essa visão de mediocridade é estreita e dicionalizada. A mediocridade abrange muito mais do que apenas os níveis intelectuais de uma pessoa. O título do texto lembra-me um capítulo da obra de José Ingenier,o que com maestria descreve o que é um Homem Medícocrem
Dicionarizada, certo? Mas o assunto é a mediocridade intelectual apenas. E já é amplo demais…
” Assim a imitação nacional dos debates involuntariamente humorísticos entre Chesterton e o autor de Pigmaleão dará lugar a uma forma de vida intelectual um pouco mais sólida.”
boa.
discordo com os motivos que você parece assinar pra situação, mas concordo (pelo menos em parte) com o atestado de mediocridade.