Como se curar de um derrame

Richard Fernandez, do blog Belmont Club, conta a singela história do Dr. Martin Stephen, que, um belo dia (desculpem-me pela ironia a priori deste parêntesis), teve um derrame que o paralisou quase por completo, obviamente teve de ir a um hospital, mas, depois de muito meditar, chegou à seguinte conclusão de que a melhor forma de recuperação era justamente sair do hospital e, com o tempo a urgir, seguir a infalível receita de sua sogra, que, por motivos que só o destino pode nos decifrar, tinha passado pela mesma situação anos atrás, quando seu esposo, no caso o sogro do Dr. Martin Stephen, sofreu o mesmo destino e curou-se de seu problema usando de apenas 05 atividades que estimularam de maneira satisfatória o seu cérebro; assim, foi feito o mesmo procedimento com o Dr. Stephen, que, milagre dos milagres, curou-se também e aí está bem vivo para contar a sua história, que, claro, pode ser resumido nos cinco alentados pontos, que, da forma como o leitor deve estar em desespero para saber (i.e. prestes a ter um derrame), exponho-os na seguinte ordem – e na língua inglesa para o que nosso leitor monoglota use um dos hemisférios do cérebro e pare de depender do Google Translator:

1 Bounced a tennis ball 2,000 times against a wall (missed catches didn’t count)
2 Wrote out the alphabet, one line per letter, for two hours
3 Recited the poems of Andrew Marvell for two hours with a cork between his teeth
4 Marched up and down the stripes on the lawn for two hours, without touching where the stripes met
5 Played the F15 flight simulator game for two hours

O Dr. Stephen afirma que foi o vídeogame que deu a reviravolta final em suas faculdades motoras, mas, da minha parte, acredito piamente que foi a leitura dos poemas de Andrew Marvell com uma rolha na boca; afinal, imagine você com um AVC gravissímo, tentando recitar em voz alta o seguinte trecho:

No white nor red was ever seen
So amorous as this lovely green;
Fond lovers, cruel as their flame,
Cut in these trees their mistress’ name.
Little, alas, they know or heed,
How far these beauties hers exceed!
Fair trees! wheresoe’er your barks I wound
No name shall but your own be found.

A pergunta que me faço depois de ler esta edificante história: será que ler Cruz e Sousa usando o mesmo método teria surtido o mesmo efeito?

2 comentários em “Como se curar de um derrame

  1. De início pensei que fosse ironia ou uma piada nonsense. Mas segui os links e descobri que de fato esse cara existe e conseguiu mesmo superar os efeitos do derrame. Ter colocado esse exercício de rehab em prática foi heróico!

  2. Dizem que foi assim que Górgias se curou da gagueira e para um Grego ou para um sofista a gagueira devia ser pior do que um derrame. Se não me engano com Górgias foram pedras na boca. Até atingir a limpidez de voz.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>