Depois do caríssimo Joel Pinheiro ter se bandeado para os lados da MPB Paulista, vamos falar de música de verdade. Vamos falar do cara, Leonard Cohen. Ontem passei a madrugada vendo o documentário Leonard Cohen: I´m your man, hoje pela manhã acordei cantarolando Suzanne e agora leio este texto da New Yorker sobre o bardo dos desdichados. Se alguém duvida do que escrevo, desafio alguém a me dizer se Chico Buarque ou Caetano Veloso conseguiriam alcançar o sublime dos seguintes versos:
And Jesus was a sailor
When he walked upon the water
And he spent a long time watching
From his lonely wooden tower
And when he knew for certain
Only drowning men could see him
He said “All men will be sailors then
Until the sea shall free them”
But he himself was broken
Long before the sky would open
Forsaken, almost human
He sank beneath your wisdom like a stone
And you want to travel with him
And you want to travel blind
And you think maybe you’ll trust him
For he’s touched your perfect body with his mind.
É claro que não. E se vocês continuarem a insistir em tal absurdo, aqui vai um exemplo de como Cohen é, de fato, o cara.
Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és
A verdade é que Tom Waits põe Cohen no bolso, depois o retira do bolso e assoa o nariz.
Não é porque é meu xará, mas sou fã do cara! E Suzanne também é uma de minhas músicas preferidas…
“Suzanne” sempre foi minha preferida do Cohen. Valieu, companheiro.
Caro Odorico:
Leonard Cohen e Tom Waits estão, sem dúvida, no mesmo patamar. Mas Waits ainda não fez algo como “Waiting for the Miracle” ou “Avalanche” – assim como Cohen jamais faria algo como “Sight for Sore Eyes” ou “Who are You”. São dois sujeitos que falam sobre o mesmo tema, mas com temperamentos diferentes.
Abraços
Martim
Desculpem, mas ainda prefiro ficar no Milton Nascimento… Aliás, estou para ver alguém chegar e fazer o que ele fez.
Oremos…
Martim, é verdade, ao menos liricamente estão no mesmo patamar, embora musicalmente Waits seja o mais rico de todos os singer-songwriters. De qualquer jeito, foi só uma provocação barata, o efeito de estar ouvindo o álbum “Alice” duas vezes por dia. Abraço!
Na verdade, o Leonard Cohen, o Tom Waits, o Chico Buarque, o Caetano Veloso e tantos outros têm o seu devido e merecido lugar na (história da?) música. Tudo depende do estado sentimental da pessoa que escuta, oras (hm, comentário meio mulherzinha, mas enfim).