“Brazil Exhibition boom puts Rio on top” é a manchete para a edição de Abril de “The Art Newspapper” (link original aqui). Todo estardalhaço é por conta da exposição “O Mundo Mágico de Escher”, que contou, no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB-RJ), com uma média de 9.700 visitantes por dia – tornando-se, assim, a mais vista exposição do mundo em 2011.
Mas o estardalhaço não é só por isso. A edição traz ainda outros números impressionantes sobre as artes no Brasil, em geral, e no Rio em particular. Entre as vinte exposições mais vistas no mundo em 2011, a sede carioca do Centro Cultural Banco do Brasil auspiciou ainda as mostras “Oneness” de Mariko Mori e “Laurie Andersen” (no Brasil titulada “Eu em Tu”), que ocuparam as 7ª e 9ª posições, respectivamente. Outra informação importante é que a 15ª exposição em números de visitantes – no Museum of Modern Art de Nova Iorque – foi “Sum of Days” do artista paulistano Carlito Carvalhosa.
É uma enormidade em todos os parâmetros. Um sucesso nesta escala deveria nos fazer a todos tentar buscar explicações cuidadosas. Para tomarmos o caso do CCBB-RJ: considero que o nosso público de artes plásticas costuma ser muito receptivo a manifestações que lidem com a perplexidade ilusionista – assim foi com as obras de Anish Kapoor e Vik Muniz. Neste nicho, a princípio, entenderia o impacto de Escher. Acredito ainda que, em parte, tendo sido encerrada no dia 27 de março, foi o sucesso de Escher a impulsionar parte do público e incrementar por um bom tempo a freqüência às exposições de Laurie Andersen (29 de março – 26 de Junho) e da própria Mariko Mori (17 de Abril – 17 de Julho). O gerente de programação do CCBB, Francisco Raposo, arrisca outras conjecturas. Para ele, parte do sucesso se deve ao fato das três exposições conterem “peças interativas e entrada franca”.
Em parte explicações, em parte apostas. Gratuidade, muito embora um elemento importante, deveria ser entendido mais como ferramenta de indução do que premissa para o acesso. Sim, há técnica na realização de curadoria de arte, assim como há técnica para realização de uma temporada de música clássica, e em nenhum dos casos reconheço a “interatividade” como um critério positivo per se – ou as exposições de jogos de video-game seriam um sucesso.
O mercado de artes do Brasil passa por um momento vertiginoso, com artistas em enorme demanda, marchands em concorrência aberta, público ávido e crescente. De qualquer forma, o que ninguém conseguiria mensurar é a excepcionalidade de “O Mundo Mágico de Escher” e seu apelo ao público. Na linha fina, logo abaixo da manchete, “The Arts Newspaper” vai ao ponto: “Escher realiza sua mágica no Rio”. A exposição, definitivamente, foi fora da curva, com a reunião de mais de noventa obras originais e praticamente todos os trabalhos mais conhecidos de um gênio maior. O jornal não poderia deixar passar; com a ajuda de alguns mestres, é mais fácil fazer golaços.