Por Érico Nogueira no blog Ars Poetica,
Na passagem de 1999 para 2000, quando nem o século nem o mundo acabaram, eu estava em Munique estudando alemão no Goethe Institut. Lá conheci o poeta belga Zachary Lusten, de que logo me tornei amigo, e com quem pude assistir a uma bela versão alemã de A streetcar named desire, de Tenessee Williams. Lembro que me espantei com a sua erudição, tão diferente da minha — tão radicalmente moderna, no sentido preciso que Adorno confere ao termo. É fácil imaginar a singularidade desse encontro, e o quanto foi desproporcional, incongruente até: de um lado um europeu de língua francesa e ascendência búlgara, cujo projeto (parecia-me) era levar adiante os estilhaços da modernidade; do outro um brasileiro com tendências classicizantes, pendor de antiquário e um desprezo patológico pelo aqui-e-agora.
também fico bastante intrigado pela possível proximidade entre espíritos arcaicos e espíritos destroçados pelo moderno. fico ainda mais intrigado quando essas duas coisas são contíguas num mesmo espírito. são muitos fantasmas.
Prezado César,
Nosso tempo é um tempo enfermo. Aceitar as enfermidades, aprender a conviver com elas, talvez seja um primeiro passo rumo, não digo cura, mas, e é tudo o que nos cabe, saúde possível. Abraço. E.
Erico, sempre lucido. Um abraco,
Ricardo
Ih, foi sem assinatura. Retifico…