Read not the Times. Read the Eternities.

Que 2012 que nada. O fim do mundo ocorreu sexta-feira, 02 de julho de 2010, com a humilhação final do Brasil na Copa. Vale a pena continuar depois disso? Não seria preferível a aniquilação, ou melhor, o nunca ter existido?

Aos poucos vamos nos recompondo. Como primeiro passo de um auto-tratamento improvisado, recomendo Dalrymple esnobando, com razão, o futebol. Especialmente perspicaz é a correlação feita entre o nível cultural dos países europeus ao longo das últimas décadas e o aspecto e comportamento dos jogadores de suas seleções. Ânimo! É só um jogo de brutamontes bestificados empacotado, propagandeado e vendido às massas mais grosseiras do mundo. Já me sinto um pouco melhor.

Em seguida, cumpre distanciar a mente das realidades mundanas das quais o futebol é a expressão máxima. Contemplem o universo visto pela mais recente tecnologia. A astronomia, a contemplação do cosmos, era, para Aristóteles, o cume da atividade racional humana.

Agora só falta transcender a matéria; elevarmo-nos da ciência de Aristóteles às doutrinas místicas não-escritas de Platão, que estão, contudo, inscritas em regularidades simbólicas ao longo de toda sua obra. A euforia pop (com direito a um apanhado de citações de efeito no fim do artigo) que engloba a descoberta me faz duvidar um pouco de sua importância; mas o achado de um código platônico secreto é sempre empolgante.

Alguém ainda pensa em futebol? O efeito deve durar, pelo menos, até a final Alemanha x Uruguai, na qual nossos ex-conterrâneos cisplatinos reafirmarão sua superioridade futebolística.

2 comentários em “Read not the Times. Read the Eternities.

  1. O tom desse último artigo é realmente parecido demais com, hm, uma vitória em Copa do Mundo. Para cada frase mais substancial, duas ou três que são análogos verbais de vuvuzelas cornetando.

    Mas há outras fontes na Internet que descrevem a possível descoberta em termos mais sóbrios:

    a) A página pessoal acadêmica do Prof. Jay Kennedy: http://personalpages.manchester.ac.uk/staff/jay.kennedy/

    b) O artigo da revista acadêmica “Apeiron” onde a tese recebeu a sua mais longa exposição:
    http://personalpages.manchester.ac.uk/staff/jay.kennedy/Kennedy_Apeiron_proofs.pdf
    (A página anterior apresenta atalhos para outros artigos)

    c) O blogue do Prof. Kennedy: http://jaybeekennedy.wordpress.com/

  2. Não achei que o assunto do Dalrymple foi esnobar o futebol. Ele bate de frente com essa mistificação em torno do esporte. Curiosamente, nesta Copa, o país que criou o Apartheid, e não os Bafana, seguindo a onda em torno do time de rugbi da África do Sul, está na final. Mas não é problema meu, não assino embaixo do politicamente correto de hoje em dia. Quanto à tese sobre Platão, não seria isto já assunto do Mario Ferreira e do Giovanni Reale? Ainda não li o que diz o autor, mas quando li o artigo de jornal pensei em ambos.

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