Claude Chabrol RIP

Os estagiários de jornalismo cultural afirmarão que Claude Chabrol, que morreu no sábado aos 80 anos, era um dos bastiões da Nouvelle Vague, que fazia críticas ácidas contra a burguesia francesa, que gostava de filmar com Isabelle Huppert – enfim, todos os clichês que serão repetidos um por um, de forma automática, provando que nunca viram um filme dele.

Aqui, na Dicta, não terá nada disso. O que você terá é a minha lembrança de ter visto Madame Bovary, sua versão para o romance de Flaubert, e ter chegado à conclusão de que era possível, sim, adaptar uma obra literária sem perder a sua substância. E também terá a minha lembrança de ter visto La Cerimonie, traduzido aqui com o título idiota de Mulheres Diabólicas, e percebido, com um misto de surpresa e terror, que o analfabetismo também pode ser (ou levar a) um crime hediondo.

Chabrol era o mestre da simplicidade assustadora. Esperamos que não percamos isso com sua morte.

(E o pior de tudo isso é que Godard é o último que sobrou da lista, com direito a Oscar honorário e tudo – não, não conto com Rivette ou Resnais, hors concours. O que prova que vaso ruim é difícil de quebrar, etc. e tal. Waal.)

2 comentários em “Claude Chabrol RIP

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