Por Julio Lemos
Vou dizer algumas sobre o texto do Wolf (parte 1 / parte 2) e do Malzoni, e espero que minha intervenção não seja de todo inútil.
Malzoni dissolveu um problema. Porque, suspendendo aqui, falsamente, o PNC, o princípio da não contradição, ao mesmo tempo (i) haveria; e (ii) não haveria um problema com a Universidade. A suspensão é falsa porque duas coisas podem ser e não ser alguma coisa (ou talvez ter ou não ter um predicado) ao mesmo tempo, todavia sob perspectivas diferentes.
A Universidade, se já teve o papel de formar homens cultos, nunca deve tê-lo exercido bem. Não houve, e nem haverá, um século de ouro universitário. Os pais mandam seus filhos para lá e pronto. Ali aprenderam, no passado, retórica, lógica, aritmética, direito, astronomia…, e hoje aprendem cálculo diferencial, estatística, direito tributário, oceanografia… e continuam incultos. É uma catástrofe? Não. Porque a cultura pela cultura, e esse ar de hello, I´m a bloody man of letters que muita gente gosta de afetar é um luxo oriental divertido (embora produza efeitos muito bons e úteis), mas que nunca atrairá toda a gente.
O ideal de Newman, por exemplo, era proporcionar aos homens, na Universidade (e isso significa: a uma certa elite razoável), matéria farta para conversas do dia-a-dia. Transformar a sociedade em um locus civilizado, em que as pessoas não falam apenas dos resultados da última partida de rugby e seus aborrecidos trabalhos, mas também de Platão e Rabelais. Pensem mesmo numa Roma do século de ouro (lá pelo ano zero): gente como Cícero precisava de assunto; talvez para poder refletir com um ar de generalidade sobre a vida; para confundir os adversários; para encher o mundo de sutileza. Quem sabe Cícero de cor, hoje, faz a mesma coisa: torna o mundo um lugar mais agradável, mais sutil. E mais tarde, magicamente, a sociedade melhora. Porque as sutilezas de Cícero são fruto das de Aristóteles; e Aristóteles sabia das coisas. E quem sabe das coisas age melhor.
Por isso o risco de um debate sobre a cultura é sempre a de causar a impressão de generalidade e luxo oriental. Quase sempre se dá, de bandeja, aos leitores maliciosos o seguinte argumento: “sois fúteis o suficiente para falar de cultura em geral; obrigado e voltai sempre”. Não existe cultura; existe o tratado de geografia erudita de Varrão e quem o leu; existe a obra de Bach, que vale mais do que as ações do Citibank; existe o inferno, que é provavelmente gelado, segundo Dante. Uma defesa da cultura precisa ser uma defesa prática e concreta da excelência. Séculos de Platão na cabeceira de um punhado de homens cultos, como dizia um inglês qualquer, produziram, junto com outras coisas, essa pujança que é a Inglaterra. E a Inglaterra não é só útil: ela também é bela e sólida. A cultura é como um alguém diante do espelho. Se a imagem vale (a civilização nos livros), vale porque é o reflexo de uma civilização efetiva, formada pelas conversas e pelas ações, um tecido macio, refinado, mas resistente.
Prezado Julio,
Com muita propriedade, você escreveu:
“Uma defesa da cultura precisa ser uma defesa prática e concreta da excelência”.
Permita-me, agora, interrogá-lo. Mas interrogá-lo de fato e não retoricamente.
Bem, se considerarmos os adjetivos (“prática”, “concreta”) usados para qualificar o tipo de defesa que merece a excelência, entendendo-os como igualmente qualificadores da excelência em si mesma, então seu entendimento, Julio, é o de que ela, a excelência, tem como base exatamente o quê: informação erudita, artigos e livros editados, estilo refinado de falar e escrever, ouvintes/leitores cativos?
Ainda aqui, repito: apesar do aparente tom provocativo, a pergunta não tem finalidade erística. Gostaria apenas que desdobrasse seu pensamento.
Obrigado,
Incrível, as universidades nunca ofereceram aquilo para as quais foram criadas, e lá se vão quase mil anos que elas foram criadas. Mas eis que no Brasil, homens liberais, juntam-se em torno de uma revista e vêem aquilo que em mil anos nenhum idiota, tanto no ocidente, quanto no oriente não foram capaz de ver. Ufa, graças a Deus que se encarnou pela segunda vez em Olavo de Carvalho, podemos ver como as universidades são incultas, seus professores todos incultos, e isso em mil anos!
UAU! Lágrimas escorrem de meus olhos liberais quando leio um artigo com o do indivíduo Júlio Lemos.
Viva a liberdade de falar mal da universidade depois que se conclui o curso de dreito é óbvio
Beijos liberais.
Mateus,
Pelo que pude depreender de seu horrível texto, você é um analfabeto funcional, e dos grandes.
Primeiro, aprenda a acentuar e pontuar frases; depois, aprenda a interpretar um texto, algo que não vi você fazer aqui; e depois, e somente depois disso, volte aqui para debater.
Incrível a capacidade dos imbecis em citarem jocosamente o Olavo de Carvalho. Depois, nós, liberais, os chamamos de “petralhas” e eles ficam “ofendidinhas”.
Ah, e mandar beijo para homens desconhecidos é coisa de boiola.
Um texto maravilhoso e objetivo, sem citações, sem definições, sem exegeses.
A verdadeira universidade acontece durante os intervalos das aulas, nas tertúlias durante os cafés, e ao final dos períodos letivos; na oportunidade de conhecer os mestres, os vivos e os mortos, e conversar com eles sobre os grandes homens do passado: o que viram e como venceram. O resto são seminários de pesquisa, teses que jamais serão publicadas, diplomas que dão acesso às carreiras de Estado e eventuais gurus espirituais que falam em nome de Sâo Tomás ou Meister Voegelin, ora Kant ou Guénon.