“Eu escrevo para o Leo Strauss…”

CRÍTICA AUTOBIOGRAFIA Hitchens costura memórias com honestidade brutal Em estilo que ecoa Orwell e Bellow, jornalista expõe contradições de sua carreira MARTIM VASQUES DA CUNHA ESPECIAL PARA A FOLHA Enquanto divulgava “Hitch-22″, seu livro de memórias, Christopher Hitchens foi diagnosticado com câncer no esôfago. “Quando isso acontece conosco, as pessoas se perguntam: por que eu?”, escreveu…

O demônio pasteurizado

Dizem que me preocupo demais com demônios. Como recentemente escrevi dois textos que relacionavam a literatura brasileira atual com exorcismo, engraçadinhos acharam que, em breve, eu iria começar a falar dos gibis do Alan Moore – um autor que, aliás, estimo muito. Também reclamaram de que eu não saberia explicar onde se encontrava na geração atual…

A derrota da morte

“Pela primeira vez na história musical, a música interroga-se a si própria sobre as razões de sua existência e sobre sua natureza… é uma música do conhecimento, com a mesma consciência trágica como Freud, Kafka, Musil”. Hans Werner Henze “Sou três vezes sem casa: um nativo da Boêmia na Áustria; um austríaco entre os alemães;…

A lei do desejo

Ah, a memória da indústria cultural é algo perverso: escolhe-se o filme do momento, tecem elogios e panegíricos e esquecem de onde veio toda essa “mudernidade”. Esta é a única coisa que se pensa quando vemos uma película constrangedora como Cisne Negro, de Darren Aronofsky. Aronofsky é o típico picareta cinematográfico. Poderia muito bem ter…

Da brevidade e outros demônios

Dizem que o formato do conto é o mais difícil porque exige do escritor uma disciplina e uma concentração de meios. Suspeito que a definição é incompleta. Além do conto, temos também a poesia, que, se não incorpora o drama narrativo de forma explícita, também possui uma lógica narrativa própria e que nos faz perceber que o seu…

A literatura do trauma

W.H. Auden dizia que qualquer ser humano precisava de um trauma. Segundo ele, o trauma era uma espécie de cicatriz, de vácuo, que a vida deixava preencher e só então a pessoa podia levá-la a sério, justamente porque o sujeito tinha de encontrar algum sentido. O trauma é o leitmotiv obsessivo que estrutura dois belos…

O farrapo que se encerra?

(No próximo 4 de fevereiro, serão 14 anos da morte de Paulo Francis. Eis um nome que será necessário fazer um esforço cotidiano para lembrá-lo constantemente; até agora, apesar da lavagem cerebral que a esquerda fez conosco, Francis se saiu bem, mesmo com seus epígonos, mesmo com as biografias que não compreenderam a dimensão trágica de…

Uma perda de tempo?

E a Economist, uma das poucas revistas no mundo que ainda não perdeu o padrão de qualidade, apesar de algumas bolas-fora recentes (p.ex: a reportagem sobre o Brasil brasileiro que inflou o ego dos Smierdiakovs da vida), resolveu publicar uma matéria que prova que o doutorado acadêmico é uma perda de tempo. Como todo bom…

A máscara da fragilidade

(No final do ano passado foi publicada no Brasil uma nova biografia de David Bowie, escrita pelo jornalista Marc Spitz. Intitulada simplesmente “Bowie – A Biografia”, é escrita com paixão e constrangimento de um fâ. Depois de duzentas e cinqüenta páginas descrevendo o processo de influência e de formação de um dos maiores músicos pop,…