Como escrever uma frase

Preocupar-se mais com a forma do que com o conteúdo é sinal de frivolidade. Contudo, isso não quer dizer que a forma não importe – algo que eu, que passo tardes lendo S. Tomás (o qual não costuma figurar em antologias de citações), preciso relembrar constantemente e não sem alguma dor. Stanley Fish acaba de…

Os espelhos secretos

“Mas o tempo é um tecido invisível em que se pode bordar tudo, uma flor, um pássaro, uma dama, um castelo, um túmulo. Também se pode abordar nada. Nada em cima de invisível é a mais sutil obra deste mundo, e acaso do outro”. Machado de Assis, “Esaú e Jacó” Todas as tentativas de querer…

O sol negro

“Há um certo tipo de ficção mediante a qual o autor tenta se libertar de uma obsessão que não é clara nem para ele mesmo. Mal ou bem, são as únicas que consigo escrever. Mais ainda, são histórias incompreensíveis, que me vi forçado a escrever desde a adolescência. Talvez eu tenha sido sóbrio quanto à…

Escravos das paixões

CRÍTICA Amis ignora natureza humana, que Arendt tenta mudar MARTIM VASQUES DA CUNHA ESPECIAL PARA A FOLHA “Você não pode mudar a natureza humana”, afirmam ao russo Boris Lermontov, personagem de “Os Sapatinhos Vermelhos” (1948), filme da dupla Powell e Pressburger. “É verdade”, ele diz. “Mas posso fazer algo melhor: ignorá-la.” Alterar ou ignorar o ser…

Um Bom Resgate?

Há uma semana publicamos aqui no site o artigo do Eduardo Wolf sobre a análise crítica que Roberto Schwarz faz de Machado de Assis. Publicamos agora, para fomentar o debate, uma crítica à crítica de Wolf, escrita por Pedro Gonzaga. Um bom resgate? Por Pedro Gonzaga Qual a melhor maneira de retribuir ao Wolf a…

O Stalin das nossas paixões

CRÍTICA ROMANCE Nova tradução guarda estilo malicioso de Vladimir Nabokov Em “Lolita” (1955), autor russo faz uso da sensualidade para retratar a crueldade humana nos EUA dos anos 50 MARTIM VASQUES DA CUNHA ESPECIAL PARA A FOLHA Vamos despi-la dos clichês, querida Lolita. Todos sabem das suas histórias: a do padrasto que a estuprava todas as…

“Eu escrevo para o Leo Strauss” parte 2…

CRÍTICA ROMANCE Tensão religiosa impulsiona “O Silêncio” Shusaku Endo revela um Deus distante e difícil em meditação sobre a fé que se alimenta da dúvida constante NINGUÉM ENTENDIA ENDO PORQUE, NO SEU PAÍS, POUCOS QUERIAM ENTENDER O CRISTIANISMO MARTIM VASQUES DA CUNHA ESPECIAL PARA A FOLHA “O Silêncio”, do escritor japonês Shusaku Endo (1923-1996), é um…

DFW gostava de auto-ajuda

Nenhuma surpresa: depois de Barraco Obama ter citado Pal Coelo em seu discurso para jecas no Theatro Municipal carioca, era lógico que o maior escritor representativo da geração X – de certa forma, a mesma que colocou Obamis no poder – tinha de ter um gostinho pelos self help books. Mas política não tem nada…