Girlfriend in a coma

Aurora (Sunrise, 1927), de F. M. Murnau, é um dos filmes que mais me maravilharam. Assisti há muito tempo com uma pessoa que tem um talento especial para ver um filme e ficamos ambos hipnotizados. Isso não é comum, mas acontece: você se lembrar não só do filme, mas do contexto em que o assistiu. (Uma…

Fundamental truth

Um tom que me agrada num discurso e numa ação é aquele tom ‘burguês’, no bom sentido (de burgo, cidade), que se dirige aos círculos menores e ativos; o círculo dos deveres concretos de uns para com os outros numa esfera determinada (e sempre aberta a novos sujeitos e a novas obrigações). Os deveres que…

Keats and Yeats are on your side

O conhecimento próprio é um imenso poder; com ele a pessoa pode tanto demolir a si mesma como começar, finalmente, a dar passos práticos na direção certa. Muitos ficarão a vida toda no cinismo teórico, celebrando-o qual escravos do seu próprio orgulho. Outros cessarão a destruição e, finalmente, olharão para si mesmos, abandonando sua autopiedade com…

Linguagem e confusão

O livro Wittgenstein: The Man and His Philosophy traz uma história altamente relevante, que aproveito para traduzir aqui: Um sábio chinês, em um passado longínquo, certa vez foi abordado pelos seus discípulos, que lhe perguntaram o que ele faria se lhe fosse concedido o poder de colocar em ordem os assuntos do país. Ele respondeu: “Eu…

RUMOUR. Open your ears; 9r”5j5&?OWTY Z0d

Um macaco simulado digitou, após um número de anos que supera monstruosamente a idade do universo até o presente momento, a frase que serve de título para este post. Agora eu pergunto: trata-se de um resultado minimamente interessante? O grande problema com a teoria do macaco digitador, que vocês devem conhecer – a de que,…

Para onde vão os tiros

É conhecido o suposto episódio em que Chesterton responde à pergunta que o jornal London Times fez a vários escritores: “O que há de errado com o mundo?”. Sua resposta teria sido uma carta com o seguinte conteúdo: Dear Sirs, I am. Sincerely yours, G. K. Chesterton Real ou não, o fato combina perfeitamente com…

Auctoritate magis quam imperio

A ciência requer condições que não se aprendem oficialmente na Academia. Não se aprende a ser amável ou humilde – no sentido correto do termo, que é, pela milésima vez, submissão à verdade, especialmente quando ela aparentemente me diminui diante de mim e diante dos outros -, não se aprende a ser homem. A ciência…

We call them “cowboys”

Tive a sorte, nesta semana, de conhecer Rémi Brague numa palestra, descrita num artigo do Tagespost (em alemão) e comentada em meu blog. Mas o que nos interessa aqui é uma surpreendente entrevista publicada em The Clarion Review intitulada “Yellow Ants“, Fundamentalists, and Cowboys. Ela servirá de introdução às principais preocupações desse ‘pensador’ no melhor…

Celtic Fields Forever

Entre os anos de 1927 e 1939, Gudmund Hatt descobriu na Jutlândia, parte hoje da Dinamarca, um certo número de viereckige Äcker, terrenos quadriculados. Eles datam de época pré-histórica e são parte de um antiquíssimo sistema de agricultura. Rapidamente o nome celtic fields inundou o mundo científico; a razão é que se tratava de uma…

Whytube

Em Crimes and Misdemeanors (1989), Woody Allen conta a história de um homem comum, integrante de uma família comum, que tem a oportunidade de matar um homem, vamos dizer assim, sem a mínima possibilidade de ser descoberto. E então entra uma discussão cinematográfica razoavelmente profunda sobre teodicéia, ou seja, sobre o destino, Deus e a…